09 agosto, 2007

Estrela perigosa


Estrela perigosa
Rosto ao vento
Barulho e silêncio
leve porcelana
templo submerso
trigo e vinho
tristeza de coisa vivida
árvores já floresceram
o sal trazido pelo vento
conhecimento por encantação
esqueleto de ideias
ora pro nobis
Decompor a luz
mistério de estrelas
paixão pela exactidão
caça aos vagalumes.
Vagalume é como orvalho
Diálogos que disfarçam
conflitos por explodir
Ela pode ser venenosa
como às vezes o cogumelo é.
No obscuro erotismo de vida cheia
nodosas raízes.
Missa negra, feiticeiros.
Na proximidade de fontes,
lagos e cachoeiras
braços e pernas e olhos,
todos mortos se misturam e clamam por vida.
Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:
excrucitante.
Que medo alegre,
o de te esperar.
Autor: Clarice Lispector(Ucrânia, 1925 - Brasil, 1977)

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