O problema da sexualidade contemporânea é a exigência de desempenho técnico.
Sacanagem sempre houve – graças aos deuses – mas os momentos históricos mudam o tesão.
Já tivemos a libertinagem na Revolução Francesa, o sexo movido pelos amores românticos, pelo moralismo vitoriano; nos anos 70, transar era um ato político
– “Meu bem, vamos para cama lutar contra o capitalismo repressivo”.
Hoje, o sexo é uma competição tecnológica.
Homens e mulheres querem ter a eficiência das coisas: os homens querem ter pênis como Ferraris de Formula 1, e as mulheres querem ser chamadas de aviões e rebolar como liquidificadores.
São buscas de funcionamento perfeito:
“o pênis A encaixa em vagina B para atingir orgasmo classe A, ISO 90001;.
O excesso de liberdade está virando obrigação.
Temos de ser tão soltos que isso desumaniza, mata o desejo – que precisa do afeto, da carência, da solidão.
A demanda de desempenho traz a angústia da produtividade, exatamente como no emprego ou no mercado.
Os orgasmos viraram uma utopia.
Muitos gatões malhados e tigresas de revista vivem insatisfeitos, em segredo.
Um dia, a obrigação do prazer absoluto vai acabar criando um novo tipo de museu:
o museu da brochura globalizada.
(Autor: Desconhecido)
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