22 fevereiro, 2007

O Destino, Terezinha e Eu...

Sou partidário e seguidor da teoria que o Destino aparece, se mostra e se manifesta para poucos porque ele está muito ocupado tecendo teias para enredar uma minoria de escolhidos, que se arrolam em suas tramas como as moscas e pernilongos numa teia de aranha. E nem sempre com boas intenções. Os que recebem a atenção do Destino podem se considerar privilegiados. Ou podem ser suas vítimas. Por que o Destino é sábio, mas pode se comportar como uma criança mimada. O Destino é intemporal, mas, não tem nenhuma noção de senso geográfico, nem de tempo e não tem nenhum senso de humor. E se tem, é um humor sarcástico, irônico, quase cruel. Certamente sou o único seguidor dessa teoria por que acho que acabei de criá-la, mas, infelizmente não tenho recursos intelectuais para desenvolvê-la em sua plenitude. Ainda mais por que estou mais próximo de ser um ateu que um fatalista, crente na onisciência e onipresença de um Destino que se preocupa com nossa reles existência inserida num contexto de cosmo, seja micro ou macro. Oh, vida, oh, dia...quem sou, de onde vim, para onde vou, não ocupa muito espaço em minha insignificante existência, reconheço. Por mais que quisesse tentar, e até acho que deveria, aparentar ser um homem sensível e profundo, com conteúdo, para impressionar e conseguir comer mais facilmente alguma eventual leitora desse relato de uma parte de minha vida que viesse se impressionar com o que escrevo, tentarei ser conciso no que vou relatar aqui. Homens sensíveis tem mais contatos de Msn e amigas de Orkut que homens como eu, que não se impressionam muito com perfizinhos fakes de bundas de fora e não se excitam com “hum, hummm, ummmmms e nhac nhac de beijos mordidos” nem acham muita graça de se masturbar na frente de uma tela de computador...mas, isso é uma viagem crítica e está me desviando do assunto principal, que é contar a história de minha vida com Terezinha, uma pessoa envolvida nas mesmas teias que meu Destino teceu para mim.
Agora é uma madrugada de domingo. Não sei que horas são. Tanto pode ser 01:00hrs, como 04:00hrs, pois é lua minguante, e ela está do outro lado do galpão onde estou, então não posso ver em que altura do céu ela está para poder ter uma base. Estou no sítio de meu irmão, no galpão campeiro onde gosto de dormir quando venho aqui. E aqui não tem relógio e não tenho a menor idéia onde está meu celular para ver as horas. Acabei de acordar, por que os demônios interiores resolveram fazer festa em minha cabeça já atormentada por uma leve, mas persistente dor de cabeça, provocada por excesso de cerveja, pinga de alambique que me entreverei desde ontem as 10:00 horas da manhã, carniando porco, fazendo banha, lingüiça e torresmo para a churrascada da festa de aniversário de meu sobrinho quando amanhecer o dia.
Meus demônios interiores se aquietaram, repelidos pelo ambiente bucólico em que estou...Agasalhado com a capa gaúcha de meu irmão, sentado numa cadeira estofada com uma manta de lã de carneiro, em frente ao fogo do fogão campeiro, tomando chimarão, fumando cigarro de palha e podendo guspir no chão. O fogo crepita, com as labaredas da lenha de pinheiro, fazendo estalar os pinhões que coloquei na chapa. Olhando pela janela, vejo o vulto de um galo no estrado da cocheira, que bate as asas e canta, parecendo querer acordar o mundo todo com seu coricocó desafinado e entusiasmado, o que me faz concluir que passa das 04:00hrs da madrugada.
As ovelhas estão balindo no aprisco e seus “béé, béé” soam tristes. Mas, ovelhas sempre são tristes...Por isso que Jesus foi considerado o Cordeiro de Deus, indo para o abate docilmente. Jesus foi um homem triste, as ovelhas são tristes sempre. Nunca gostei de ovelha. Nem viva, nem assada.
Caboclo, o cavalo crioulo de meu sobrinho, relincha alegremente correndo pelo pasto. As juritis começam a piar lá no mato, acompanhadas pelos sabiás. Uma curruira acompanha mais discretamente ao lado da janela. Os Quero-quero fazem estardalhaço quando um biguá passa grasnando, voando em direção do açude. Lá da serra escuto o barulho, abafado pela distância, do trem indo para o Porto de Paranaguá. E é um barulho que me provoca grande nostalgia, pois me lembra de minhas viagens, quando adolescente, e percorri quase todo o Rio Grande do Sul pendurado naqueles vagões da RFFSA. Como é interessante e intrincada a cabeça da gente...Concluo agora que foi o barulho do trem que criou o linck para que eu lembrasse da Terezinha, que me provocou esse sentimento nostálgico e quisesse contar nossa história...
Vou logo avisando para os auto-manipuladores da genitália, para não ser grosseiro dizendo punheteiros de plantão, que este relato pouco terá de erótico. Tanto que nem deveria estar nessa comunidade. Talvez devesse estar na Nada Acontece por Acaso, na Histórias de Amor e Paixão, na Histórias do Destino e etc. Ou em lugar nenhum. Mas, como uso este espaço e comunidade para tentar exorcizar meus demônios interiores que se manifestam pelas lembranças de um passado sempre presente, me julgo no direito de escrever o que quiser. Então, vá ler outro conto qualquer, pois este aqui nada terá de excitante.
Perdi minha virgindade amorosa com a Terezinha. Digo amorosa por que minha virgindade física eu tinha perdido com uma puta gorda do puteiro de minha cidade, que custou a metade de meu salário de meio expediente na fábrica onde trabalhava no período da tarde, lá no interiorzão do Rio Grande do Sul.
Pois bem, me apaixonei por Terezinha com quase 15 anos de idade e namoramos secretamente por quase um ano, pois ela tinha vergonha de ser vista com um maconheiro bêbado e irresponsável como eu era na época, o que era perfeitamente compreensível. Por me amar ela me aceitava, por amá-la eu compreendia, mas nada fazia para mudar. Em que pese o fato que eu era cinco anos mais jovem que ela, o que era um absurdo naqueles tempos. Estranhamente, nunca consegui lembrar-me de como nos conhecemos.
Por este, entre outros motivos, nosso relacionamento era bastante conturbado. Nossas transas eram intensas, vibrantes, emocionantes, pois sempre pareciam escusas, com um certo sentido de clandestinidade, de ilegalidade vergonhosa. Afinal, só transávamos confortavelmente, quando eu era sorteado para ficar sozinho no quarto da republica que morava com mais quatro amigos, nas noites de sexta e sábado quando, na maioria das vezes, sabia que pelo menos um deles ficava assistindo pelas frestas da parede, tocando punheta, como eu mesmo fazia quando era a vez deles ficarem com a namorada no quarto.
Pode parecer idílico e excitante para muitos de vocês saber que transávamos nos bosques, nas beiras de rios, nas ruas escuras, em terrenos baldios, nas madrugadas que ela pulava a janela de seu quarto para se encontrar comigo, fugindo de seus pais, mas considerem que isso é excitante quando se QUER transar assim, não quando se PRECISA, quando não se tem outra opção.
Mas, mesmo um grande amor pode sucumbir à pressão familiar, à sociedade e a todas as dificuldades que eu acarretava.
Na verdade, tenho que admitir que o estilo de vida que eu levava era ocasionado por mim mesmo, devido ao consumo excessivo de álcool e drogas que eu imputava à minha rebeldia e inconformismo social-espiritual, meus conflitos religiosos. Nem sei como explicar esta minha questão e nem sei há justificativa para isso, mas quando eu tinha 12 anos já estava lendo livros que muitos não conseguiam compreender aos 30 anos. Com 15 anos já tinha lido mais livros que a grande maioria não leu na vida toda. E noto agora, quando paro para pensar, que me parece que eu era mais inteligente quando adolescente que sou agora, como quarentão. Não culpo nada nem ninguém, além de mim mesmo, mas talvez se eu tivesse recebido alguma orientação maior, mais direta, eu poderia ter me transformado num grande líder em alguma coisa.
Então, um dia Terezinha me diz que tinha começado a namorar um fulaninho, futuro candidato a gerente da agencia do Banco do Brasil de nossa cidade, um dos empregos mais cobiçados naquelas cidadezinhas do interior, onde trabalhar no BB era a garantia de ser um bom-partido.
Queria poder dizer que “lembro como se fosse hoje”, mas só consigo lembrar era quase meia-noite quando ela me contou, na Praça da Igreja, quando nos encontramos após a saída do colégio (não obstante tudo isso que eu era, ainda estudava de noite e trabalhava durante o dia como auxiliar de produção, quando aconteceu isso). Quando ela disse:
- Me perdoa, Vanderlei...
com lágrimas nos olhos e quis me abraçar, eu virei as costa, fui para casa, peguei minha mochila, saí caminhando da cidade, abandonando emprego, colégio, amigos, família e fiquei quase um ano viajando como andarilho, de carona, pelo Rio Grande (foi a esse período que me referi sobre o trem no início desse relato).
Neste ano, conheci quase todas as cidades do estado, comendo quando podia, dormindo onde dava.
Um dia, vejam só que coincidência, estava eu numa lanchonete da Doutor Flores, em Porto Alegre, almoçando meu prato mais comum, que era katchup e mostarda com guardanapo que surrupiava enquanto fingia que esperava alguém, encontro meu irmão, que tinha ido fazer um curso na cidade. Me conta ele que meu irmão mais velho iria se casar no fim de semana. No outro dia, embarcamos juntos, de volta para casa. E ele ri até hoje quando conta como me observava comendo escondido katchup no guardanapo.
Descubro que Terezinha tinha ido estudar em Santa Maria, o seu namoro com o tal gerentinho do Banco do Brasil não tinha dado certo. Resolvi me aquietar, pois minha mãe havia sofrido muito com meu sumiço. Um amigo me arrumou um emprego de Auxiliar de Vendas numa representação de armarinhos. Seis meses depois eu tinha um fusca e meu próprio auxiliar. Um ano depois eu tinha três Kombis e seis vendedores e era dono do único Dodge Polara 1800 da cidade. Uma carreira e crescimento tão alto assim causou tanta inveja aos deuses que um ano e meio depois eu tive que fugir na calada da noite da cidade e vim morar em Curitiba, p0r motivos que não vem ao caso citar.
Os primeiros tempo em Curitiba foi um período tão confuso, tão conturbado que nem consigo me situar no espaço-tempo. Nem lembro agora se fui um devoto de Krishna antes ou depois que entrei na Igreja do Reverendo Moon ou se foi depois que quase morri de tanta crise espiritual nos Centros de Umbanda que comecei a freqüentar. Mas, como o mote desse relato é a Terezinha, volto a ela. Um dia, um casal de lésbicas amigas me apresentam uma amiga no Bar Bife Sujo: é claro que Terezinha e eu resolvemos recuperar o tempo perdido e marcamos de casar dentro de uns 6 meses.
Uma semana antes do casamento, meu sócio me dá um grande golpe numa fabriqueta de anéis de ametista e topázio que havia montado e me vejo falido de uma hora para outra (este fato não lembrei quando publiquei pela primeira vez este relato na outra comunidade). Coincidentemente à minha falência, na mesma semana que cancelo meu casamento com a Terezinha, recebo seis meses de comissões que tinha por receber do Consórcio Garavelo, onde trabalhava também como vendedor. Pego a grana e embarco para o Rio de Janeiro. Não tenho como formar um paralelo entre o valor da época e com valores de hoje, porém, era uma quantia substancial (sempre fui um bom vendedor) que me possibilitou ficar seis meses morando na Praça Seca, em Jacarepaguá, comendo, bebendo, indo pra praia, trepando adoidado e aprontando tudo o que me desse na telha. Um dia o dinheiro acaba, arrumo um emprego no Consórcio Goodway, que vai a falência três meses depois e não recebo nenhum centavo do que tinha para receber em salários e comissões. Dado ao imediatismo de minha situação, precária, uma amiga me indica para trabalhar como garoto de programa numa casa da Senhor dos Passos, em Ipanema (antigamente tinha essas casas, pois sites de Internet nem se sonhava que seria inventado). Me dou muito bem na profissão, onde me “especializo” em atendimento de casais, à mulheres com gostos sexuais pouco ortodoxos e com especial ênfase à casadas carentes de atenção, pois minha alma de padre parecia um imã para quem precisava e queria mais ser ouvida que fudida. Um dia, minha melhor cliente, uma alta executiva de um grande banco me diz que foi transferida definitivamente para os EUA. “Como prova de amizade e retribuição pelos grandes momentos e emoções que eu havia lhe proporcionado” me dá um Kadett bordô zero, desde que eu abandonasse aquela vida que “não servia para mim”, segundo ela.
Resolvo aceitar, pois estava começando a me sentir meio podre convivendo com tanta gente de gostos sexuais tão questionáveis. Lembro de tempos atrás, quando viajava pelo Rio Grande, e costumava fazer pequenos serviços em bordeis, a troco de um pernoite e um prato de comida, e resolvo gastar todas as minhas economias e dinheiro que tinha comprando roupas em Campo Grande, acho, e voltar para lá. As putas de interior sempre tinham dificuldades de comprar roupas nas lojas, por que sempre eram mal quistas pelas balconistas e lojistas. Então, comecei a vender para elas e ir recebendo por semana, conforme suas disponibilidades de movimento da “clientela”, podendo cobrar o triplo que normalmente custaria numa loja. Estava indo muito bem, quando sou parado pela fiscalização e perco todo meu estoque por falta de nota fiscal. Arrumo um emprego de garçom numa das boates que conhecia e uma semana depois, numa das cidades entre Santo Ângelo, Passo Fundo e Palmeira das Missões, fui me envolver com a puta preferida do delegado da cidade. Delegado esse, por sinal, vejam só, que havia sido o pivô de eu ter que sair da minha terra natal e da Terezinha, conforme contei antes e que havia sido transferido para aquela cidade onde fixei minha base comercial. Resumindo: assinei o recibo de “venda” do Kadett e fui escoltado até a rodoviária para sair da cidade antes que “a coisa ficasse preta pro meu lado”. Bem ao estilo Velho Oeste: a cidade era pequena para nós dois.
De volta para Curitiba.
Faço alguns bicos como vendedor de livros médicos e um dia tenho a idéia de montar uma importadora de revistas técnicas. A importadora dá maravilhosamente certo e em poucos meses estou com uma equipe de 20 vendedores e passo a ser o um dos maiores importadores de revistas técnicas do Brasil.
Resolvo fazer um curso de inglês para agilizar as operações e não ser dependente de tradutores. Na primeira aula, entra a professora e cumprimenta a turma de alunos. Nada me surpreenderia mais que ver a Terezinha transformada em professora de inglês. A comoção é grande e resolvo sair da sala porque ela mal conseguia falar, imagine dar a aula. Espero-a na saída e fomos para o Largo da Ordem conversar. Não sei o que esperava para nós, mas qualquer coisa que esperasse já estava sepultada no passado, pois Terezinha havia se transformado numa mulher amarga, sem espirituosidade, sem brilho. Em que pese o fato que aqueles 5 anos de diferença de idade de quando nos conhecemos agora eram mais visíveis e patentes. Nossa conversa foi quase constrangedora, cheia de silêncios sem entendimento, mas mesmo assim, insistimos e ir para um motel da área central mesmo e fizemos amor, que nem amor foi, mas sim uma transa quase mecânica, sem paixão. Não sei se ela se arrependeu tanto quanto eu, mas quando nos separamos, trocando telefones, estava implícito, pelo menos para mim, que aquele longo capítulo de nossas vidas se encerrava naquela noite.
Menos de um mês depois, o governo provoca uma grande desvalorização da moeda e, de um dia para o outro, minha importadora se torna inviável e novamente, me encontro falido.
Amargurado, deprimido, fujo da cidade e arrumo um emprego
de caseiro num pequeno sitio em Morretes e passo seis meses como peão “bananeiro”, afugentando a depressão com trabalho braçal. Quanto sinto que superei o trauma de falência, com alguns trocados que recebi dos direitos trabalhistas, tenho a idéia de montar um guia turístico-noturno, sendo o primeiro de Curitiba. Uma grande idéia, porém com poucas possibilidades de progresso, pois não tinha nenhum aporte financeiro para fazer deslanchar a publicação, mas fui levando mesmo assim, pois podia beber de graça nos bares-clientes e comia um monte de garçonetes e putas que conhecia nas madrugadas.
Numa certa madrugada, quando visitava um anunciante, o Bar Shelby, paro no balcão e vejo uma mulher sentada, conversando com uma amiga. Fico embevecido, vendo nela uma alegria no sorriso que estava me fazendo falta, uma alegria e paz que eu não tinha há bastante tempo. Vou em sua direção, lamentando e tendo receio que estivesse bêbado demais para me mostrar agradável e suficientemente sedutor para chamar sua atenção.
Como sabia que não teria argumentos, sentei de cara ao seu lado e disse:
- Oi...meu nome é Vanderlei e quero casar com você.
Dava pra ver que ela não sabia se dava uma gargalhada, me olhava com desprezo e me ignorava ou chamava o segurança para me expulsar dali.
Antes que ela decidisse, eu falei:
- Estou falando sério. Amanhã vou largar esse trabalho, vou arrumar um emprego decente e vamos nos casar.
Daí, aleluia!, ela resolveu por dar a gargalhada em vez de chamar o segurança e disse:
- Prazer, meu nome é M. Mas, não posso casar amanhã. Tenho que trabalhar. Só se for depois das 18 hrs.
- Saco, mulher é tudo igual...Já arrumando problemas e não entendendo nem escutando o marido. E eu não disse que vamos casar amanhã. Primeiro eu vou arrumar um emprego decente para poder te dar uma vida legal e sustentar nossos filhos. Daí a gente vê...
- Eu quero uma menina.
- Eu quero um menino. Então vamos ter que ter gêmeos.
- Tá...
Fácil, né?
Não foi bem assim...Conversamos mais um pouco e ela começou a me ignorar por que eu não estava com muitas condições de conversar. Ela me deu o número de telefone errado, mas esqueceu que tinha dito que trabalhava na Lojas Universal, onde fui esperá-la no outro dia. Não pareceu surpresa quando me viu e aceitou ir tomar um chopp no Stuart, na Praça Ozório.
Fui direto, dizendo que tinha me apaixonado por ela a primeira vista, que tinha arrumado um emprego de vendedor do JBM e minha área era o Norte do Paraná, que iria viajar amanhã de madrugada e só voltaria dentro de uns seis meses quando tivesse dinheiro para pensar num futuro.
E assim foi...nestes seis meses, escrevi uma carta para ela todos os dias (naquele tempo não existia e-mail ainda, gente...!!).
Quando voltei, nos encontramos e começamos a namorar, mas eu sabia que ela não estava apaixonada por mim. Apenas me considerava um cara legal, agradável e gentil. Ela acabou mesmo se apaixonando por minha família, pelo ambiente familiar, pela segurança que parecia sentir comigo. Diria até que ela se apaixonou mais pelo amor que eu tinha por ela do que por mim mesmo, se é que isso é possível.
Sei que ela só foi se apaixonar por mim quando fomos morar juntos, por causa do dia a dia, do cotidiano.
Me casei após dois anos de namoro. Quinze anos depois, quis o Destino que minha primeira e única traição conjugal desse no que desse, como vou continuar contando agora. Num fim de semana junto com meus dois melhores amigos da época fomos pescar em Paranaguá. Após a pescaria, como de costume, por volta do meio dia, zarpamos para almoçar na praia de Encantadas, na Ilha do Mel. Tomando cerveja em nosso restaurante preferido, bebemorávamos mais uma pescaria fracassada, já que nunca pescávamos nada naquela região, quando vejo subindo pela trilha que vem da praia a mesma menina que tinha rido de mim quando fui descer do barco e tropecei na corda da âncora que tinha se enrolado por causa das ondas e caí como uma jaca madura quase me cima de sua prancha de surf. Eu apenas a olhei educada e constrangidamente, pedindo desculpas, pois ela estava acompanhada por um garotão alto, musculoso, corpo bronzeado, bonitão pra caramba. Se eu fosse mulher iria querer dar para um cara como ele.
Sério mesmo que a olhei, como direi, academicamente, pois considerava que meu tombo espalhafatoso, minha idade, minha aparência grisalha-despenteada e ouriçada pela maresia e pelo vento, sua beleza e sua juventude a levaria a pensar mais em me ajudar atravessar a rua que me endereçar um olhar fugidio e um meio sorriso quando me notou. Aquele meio sorriso...ah, aquele meio sorriso me enfeitiçou de cara, instantaneamente. Escancarei meu melhor sorriso cheio de dentes e joguei meus braços para trás como querendo dizer:
- Também te quero...Faça alguma coisa...
Se eu fosse um pouco mais babaca que sou teria cantado:
- Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela que passa...
E só não cantei por que minha idade me proporciona certas restrições de comportamento que meu senso de ridículo não comporta... Mas, sei lá...quando ela me olhou, quando a olhei, quando nossos olhos se cruzaram, eu senti que grande parte de minha vida dependia de falar com ela. E nos falarmos dependia dela...Não de mim.
Eram cinco passos daquele olhar trocado para ela passar por mim e tudo acabar naquela pequena distância que ela cruzaria, a dois metros de mim, em menos de um minuto, uns vinte passos. E me virei quando ela passou, para olhar pela última vez possíveis grandes emoções sumindo para sempre de minha vida. Mas, ela parou na frente da entrada do restaurante e vi que insistia com o Apolo adolescente para entrar, o que parecia não ser da vontade dele. Ela entrou, ele também. Certo ele. Tem mais é que fazer sorrindo o que uma mulher como ela pede chorando.
30 mesas no restaurante, meia dúzia ocupadas. Escolhe logo a mesa ao nosso lado.
Que faço agora? Que digo? Como faço? Como digo qualquer coisa? O que fazer como fazer? O que fazer como? Fazer algo? Dizer algo? É óbvio que tenho que fazer-dizer alguma coisa. Pedir fogo? Tão ridículo quanto pedir as horas...
- Ah, tem ostras aqui...eu quero uma porção...
Êpa!....Ahâm...
- Desculpe, mocinha, mas você não vai gostar das ostras daqui...
- Por que, é ruim?
- Não...quero dizer...você não vai gostar por que são diferentes das que você está acostumada.
- Você nem sabe do que estou acostumada...eu adoro ostras – tom juvenilmente agressivo.
Oba, me chamou de você, não de senhor...Ponto pra mim.
- É que você está acostumada com ostras de mar aberto, estas ostras aqui são de mangue...
- Como assim, de mar aberto, de mangue? Como você sabe disso?
Ora...sou viajado e já li alguns livrinhos...sotaque gaúcho...poucas áreas de baías e mangues no RS...Elementar....Acertei...Expliquei para ela que as ostras que se criam em mangues, como é o caso de Paranaguá, são diferentes das ostras de mar aberto, por que são mais nutridas em virtude da maior disponibilidade de plânctom, fictoplantom...comparativamente à um porco muito gordo etc...
- Quer ver?
Chamei o garçom e pedi que trouxesse uma ostra e ela viu que eu estava certo, pois realmente não gostou da ostra e ela pareceu impressionada pela minha cultura e conhecimento de alguns assuntos marítimos, da região, já que estudava Biologia.
Imodéstia às favas, eu fui brilhante, encantador. Meus amigos me olhavam espantados, pois nunca tinham visto me desdobrar visivelmente querendo impressionar e cantar uma mulher. O Marquinhos (era esse o nome daquele Apolo bronzeado) não dizia uma palavra, só me olhava, como que espantado por eu estar no seu campo de visão, por eu sequer estar existindo na sua presença. Como que indignado demais para poder suportar um homem querendo impressionar com tanta cara-de-pau sua possivelmente preferida conquista em potencial, ele diz que quer ir embora. Ato contínuo, chama o garçom e pede a conta. Nos olhamos desamparados, sabendo que tudo poderia acabar ali, pois eu não via como poderia continuar a conversa nem haveria argumento nenhum para convidá-la para um encontro outra hora, na frente do Marquinhos, pois eu não estava preparado para afrontá-lo assim, diretamente. Mas, a Providência é bondosa. O garçom diz para o Marquinhos que para pagar a com o RedeShop é preciso ir até o caixa. Ele levanta e dou graças por ter sido rápido em cochichar para ela:
- Estarei as 8.00hrs naquelas pedras ali. – digo, apontando um arrecife a uns 400 metros do restaurante.
Me congratulo pela minha presença de espírito, pois Marquinhos volta após ter dado meia dúzia de passos, possivelmente se dando conta que poderia não ser bom deixá-la ali comigo, sozinha, no que estava certo, mas só que fui mais rápido que ele. Quase que com grosseria ele a pega pelo braço e ela levanta para segui-lo, mais submissamente do que eu gostaria de ver, simplesmente dizendo um singelo “tchau”. Marquinhos nem isso disse.
Meus amigos tentam me demover de propósito de passar a noite na ilha, lembrando-me de minha mulher em casa, que ficamos de voltar no mesmo dia e que seria pretensão de minha parte achar que uma menina linda de 18 anos iria largar um bonitão como o tal Marquinhos para se encontrar com um quarentão atrapalhado, se bem que com uma conversa interessante, pelo menos sobre ostras e demais crustáceos e moluscos marinhos, que tinha idade para ser o pai dela. Em vão. Eles voltam com o barco. Eu fico.
Vou para uma pousada conhecida, passando antes numa mercearia, onde compro shampoo, barbeador, pasta de dentes, escova e um pacote de preservativo.
19.30 hrs estou nas pedras, fumando que nem um condenado, me amaldiçoando por não ter comprado chicletes, querendo desesperadamente tomar uns goles do Vinho do Avô (não tinha outro!!! que havia trazido, já com a rolha sacada, mas não querendo tomar sem ela junto e não querendo pensar que ela não viria e morrendo de medo do que faria quando ela chegasse, pois um casado fiel por tantos anos talvez não soubesse o que fazer com uma estranha o que sempre fez com a mesma mulher durante tanto tempo. Tentava ensaiar o que dizer, o que fazer e como fazer, criando conversas, atos e posturas....
Quase que ia praticar colocar preservativo, pois me apavorou a possibilidade de me atrapalhar quando fosse colocar, já que fazia mais de 17 anos que não usava. E só não o fiz por que meu pau estava mole e senti mais que escutei ela chegar por trás de mim. Me levantei, sem saber o que dizer além de um:
- Oi...
Que ela nem respondeu e seus braços cruzados me reprimiram, por causa de sua simbologia de auto-defesa, que procurei ignorar, e como não lembrava nada do que tinha ensaiado para dizer, preferi ficar quieto e ficamos olhando uma lua cheia pendurada lá no céu, iluminando a baía.
Quando ela disse:
- Nem sei por que vim aqui...
Eu respondi, numa voz mais rouca que gostaria:
- Está vendo aquelas estrelas lá?
E apontei em direção para as montanhas.
- Você veio por que está escrito numa delas que estaríamos aqui hoje.
Quando disse isso, ela se vira, me olha com um olhar de profunda intensidade, com olhos marejado de lágrimas, passa a mão no meu rosto e diz com um sorriso triste e meigo:
- Que estranho... me parece que você falou como meu pai falaria. Mas, que bobagem, eu nunca tive pai...como vou saber o que ele falaria?
Não soube o que dizer, por que não me pareceu adequado intelectualizar e não gostei de pensar que a atração dela por mim se devia à um Complexo de Elektra ou por uma Síndrome de Transferência mal resolvida, então não me aprofundei na questão e não perguntei nada sobre o pai que ela nunca teve. Providencialmente, vem uma brisa fresca do mar e ela se encolhe com um arrepiozinho, cruza os braços sobre os seios que ainda pude ver os mamilos se enrijecerem, ressaltando-se no tecido da blusinha simples de alcinha que usava.
Abraço-a, mais protetora que sensualmente, beijando-a na testa, e só no momento a percebendo como mulher de fato...e sinto seus seios pequenos, duros, pressionando meu peito, e abraço-a, meu braços rodeando facilmente seu corpo magrinho.
Meus lábios, antes pousados em sua testa, passeiam por sua face, sentindo o geladinho por onde suas lágrimas rolaram e sinto seu rosto quente quando respiro forte, suspiro, perto de sua orelha, que beijo delicadamente e sua boca se ergue em direção à minha e nossos lábios se tocam, se grudam desajeitadamente, nossas línguas se enroscam, disputando entre si a entrada na boca de um e do outro.
Me motiva quando joga seus braços ao redor de meu pescoço e sinto-a afoita, pois praticamente joga seus quadris contra minha cintura, com meu pau já endurecido pressionando sua barriguinha, e ela geme quando o sente colado em si.
Seguro sua nuca, prendendo seus cabelos e nossos dentes se chocam naquela pressão forte e fica difícil ficar ali em pé, ao lado de um vinho abandonado, uma carteira de Free Box pisoteada, um isqueiro paraguaio se perdendo entre as pedras.
- Vamos sair daqui...

Me comovo com o apoio implícito no seu comentário e contorno em mim mesmo a vergonha de estar com uma menina e pelo meu auto-preconceito e entramos na suíte. Ela fica visivelmente constrangida quando vê a cama de casal no meio do quarto.
Vencendo meu próprio constrangimento e superando a insegurança que talvez tivesse me precipitado me trazê-la tão rápido para meu quarto, eu a abraço por trás, beijando seu ombro, o que a faz enclinar a cabeça, quase submissamente, deixando seu pescoço ao alcance de minha boca, minha mão afastando seus cabelos da nuca, que mordisco e ouço-a gemer baixinho. Meu pau pressiona suas costas, logo acima de sua bundinha e me comprazo quando ela leva o braço para trás e me puxa, pedindo um contato maior, num audácia que não deixa de me surpreender.
Enlaço sua cintura, fazendo-a reclinar-se, pressionando firme meu pau, agora na sua bunda, enquanto minha mão entra por baixo de sua blusinha e arranho suavemente suas costas, o que a faz gemer mais alto e sinto que se estremece toda com o roçar de minhas unhas.
Endireito-a, abraçando-a ainda por trás, minhas mãos sobem e descem por sua barriguinha magra então noto que ela tem um delicado piercing no umbigo e ela se retrai quando o toco inadvertidamente ao rumar minhas mãos para seus seios, que agarro e eles somem entre minhas mãos grandes. Seus mamilos pequeninhos se enrijecem ao serem presos pelos meus dedos. Ela joga a cabeça para trás, beijo seu pescoço e digo:
- Linda....você é linda...
Numa voz rouca enquanto beijo sua orelha, mordiscando o lóbulo e me desequilibro quando ela fica toda mole, quase desfalecendo em meus braços. O que me lisonjeia e me sinto eufórico antevendo uma grande transa, mas me sinto vulgar quando penso nisso, então me auto-recrimino, cogitando se eu seria tão bom quanto ela aparentava ser, que seria.
Encaminho-a de costas para a cama, onde caímos, pois ela me agarra pela camiseta, grudando sua boca na minha, que faz um barulho imenso que me parece ecoar pela pousada inteira, mas sua blusinha que subiu durante a queda espanta meu constrangimento. Surgem frente a meus olhos dois seios pequenos que me parecem impúberes ainda, ressaltando-se branquinhos em seu colo bronzeado, pela marca do biquíni.
Me sinto um garanhão poderoso quando acaricio seus seios com as mãos, quando coloco-os na boca, quando chupo seus mamilos minúsculos, pressionando meu pau sobre sua coxa e ela repete:
- Van...Van...Van...
Balançando a cabeça para os lados, segurando meus cabelos e noto que ela está gozando somente com minhas carícias nos seios. De novo me espanto e me envaidece quando coloco minha mão entre suas pernas e acaricio sua buceta por cima do shorts, que sinto molhado e ela enfia a mão dentro de minha bermuda e agarra literalmente meu pau, mais fortemente que eu gostaria, grudando a boca na minha, sua língua me invadindo, puxando meus cabelos, sinto-a estremecer toda, seus gemidos abafando-se dentro de minha boca, num novo orgasmo. E frente a esse furor todo não posso deixar de pensar:
- Putz, tô fudido...
Já antevendo que teria que usar muitos recursos e expedientes tácteis, orais e manuais para dar conta de tanta fogosidade, caso fossemos manter um relacionamento longo.
Tirar seu short, sua calcinha, me livrar da bermuda e da cueca se torna imperioso, urgente demais para não ser agora. Então, jogo no chão e tenha que pega-la de novo para pegar os preservativos do bolso. De joelhos entre suas pernas abertas, frente à um púbis delicadamente depilado em forma de triângulo, acompanhando a marca do biquíni, ensaio a colocação do preservativo. O pau duríssimo apontado para cima, leve porra escorrendo, um arranhãozinho vermelho de suas unhas quando o havia pego antes, se veste fácil na camisinha, ao contrário do que eu temia me atrapalhar, despenca como um quiabo murcho quando ela diz:
- Eu nunca fiz isso antes.
- Você é virgem????
Ela nem responde, contraindo os lábios, frente à minha redundância óbvia.
Me agarra no braço e me arranha quando procuro me soltar, saindo do meio de suas pernas, de perto dela, da cama ela grita:
- Não faça isso, Vanderlei...
Mas, já estou de pé, longe dela, olhando pela janela, pelado, de pinto mole, com o preservativo pateticamente pendurado, sem saber o que fazer nem pensar, a mente vazia, escutando como se estivesse distante sua voz implorante:
- Por favor...por favor...por favor...não faça isso...não faça isso comigo, Vanderlei...
Quando consigo olhá-la, ela soluça forte, chorando copiosamente, sentada na cama, abraçando as pernas, a cabeça entre os joelhos.
Suas costas arqueadas, sacudidas pelos soluços, seu choro, quase gemidos de dor me dilaceram o coração. Sento na cama, abraçando-a e não me envergonho de dizer que quase chorei como uma bicha emotiva quando ela me abraça forte e chora tão doloridamente, tão desamparadamente, balbuciando entre os soluços:
- Eu não tenho culpa...eu não tenho culpa...Não faz isso...não faz isso....
E ainda hoje me emociono quando lembro aquela fragilidade, aquela dor...
Então...o dilema foi grande. Se me sentia um cafajeste se a desvirginasse, me sentiria insensível e desumano deixando-a com aquela frustração.
Deitand0-me sobre, beijo-a seguidamente no rosto, sentindo o gosto salgado de suas lágrimas e lhe dou uma toalha para que assoe o nariz e fico lhe acarinhando, acariciando, beijando até que seus soluços se transforme em gemidos de prazer e foi com surpresa que noto que meu pau está duro novamente.
Tento ajeitar disfarçadamente o preservativo que decaia como uma manga longa de uma camisa num braço muito curto, o que não consigo, é claro, e tenho que parar de acariciá-la. Me coloco entre suas pernas, que ela abre desprendidamente, meu pau se acomodando na entrada de sua buceta e insiste em não entrar, por mais que eu finja que estou apenas brincando de cutucá-la.
Ela parece ansiosa para ser penetrada ou se cansa da suposta brincadeira, então, pega meu pau com a mão e coloca ela mesmo na entrada de sua buceta e sinto o calor rodeando a cabeça. Quando retira a mão, começo a invadi-la lentamente. O pau entra apertado, apertado demais, mas deslizando suavemente por ela estar tão molhada. Quando chega naquela barreira, ela se retrai, com um gemido de dor. Me perco, me reprimo, me desconcerto, sem saber bem o que fazer, pois se ela era virgem sexualmente, eu era virgem em desvirginar.
Pode até parecer ridícula minha tese, mas para mim me parece que desvirginar uma mulher é mais um ato mecânico que um ato de erotismo, mais de compenetração que de sensualidade. Afinal, ela estará sendo forçada, algo estará sendo rompido. É claro que pode haver uma certa sensação de poderio, macho dominante, macho conquistador, mas não era, nem é até hoje, meu caso.
Nova tentativa de introdução, suave e delicada. Nova contração, novo gemido. Não vamos muito longe assim...O pau levemente introduzido na sua buceta, beijo-a na boca.
O beijo se torna ardoroso. Quando a vejo menos tensa e esquecida das tentativas dolorosas de introdução anteriores, arremeto meu pau para dentro, com firmeza e sinto a barreira se romper. Ela se retesa toda, mas seu gemido de dor se abafa em minha boca. Com meus beijos e abraços imobilizando-a, com meu pau quase todo enfiado em sua bucetinha apertada, agora livre daquela barreira incômoda, ela até parece aliviada.
- Doeu só um pouquinho...
Me mente ela com lágrimas nos olhos e um sorriso forçado, mas esforçado nos lábios, que beijo, beijo. Sinto, começo sentir em meu pau leves contrações de sua buceta, deixando claro que ele é bem vindo dentro dela, que não é mais um invasor incômodo, mas sim, um proporcionador de prazer e sensações agradáveis e seu requebrado desajeitadamente inexperiente, mas excitante me comprova isso.
Me apóio nos cotovelos. Pela posição, tamanhos, meu peito fica na altura de sua boca, que ela beija seguidamente, que sinto mais carinhosa que sensualmente. Provavelmente pelas nossas diferenças de prismas em relação à erotismo. Empurro meu pau pra dentro dela, devagarzinho, chegando apertado até o final, nossos púbis encostados. E mantenho fundo nela ou no fundo dela e sinto mais que vejo transparecer em seu rosto uma sensação de prazer dolorido ou dor prazeirosa e aquele
- Ahhhhhh...
Que sai de sua boca, parecendo que sai do fundo de sua alma parece conectar ao meu pau, que sai quase de sua buceta e volta devagar, abrindo de novo caminho até o fundo e aqueles gemidos mais demorados me faz entrar entrar e sair, entrar e sair, ritmicamente, como que cadenciadamente e suas unhas se crava em minhas costas e escuto
- Ai, Van...ai, Van...ai, Van...
E se estremece toda debaixo de mim e aquele
-Aaaaahhhhhh
prolongado denuncia que gozou. E saber que a fiz gozar novamente, com tanta facilidade engrandece meu ego de macho e me excita tanto que sinto que não conseguirei segurar meu gozo. Então, nem perco tempo tentando e meto quase descontroladamente meu pau para dentro dela, enfiando fundo, fundo e mais fundo, metendo tudo o que posso e tenho para enfiar naquela buceta já tão receptiva, apesar da novidade da penetração.
Quase que a empurro para cima quando me arremeto pra dentro dela e sinto meu cérebro como que se esvaziando quando minha porra parece percorrer quilômetros pelo meu pau e começa a encher o preservativo e continuo metedno mesmo quando gozo por que ela me abraça e cruza, entrelaça as pernas na minha cintura e, mesmo desajeitadamente preso, continuo enfiando o pau que não amolece naquele buraquinho que parece que não cansar nunca e como que faz horas que estou gozando. E me espanto com essa sensação, essa impressão, desabo sobre ela, esmagando seus seios em meu peito, meu braço segurando sua cabeça junto mão meu pescoço e ela diz:
- Que loucura...
Então, caio de lado, arfando, coração acelerado e jogo o braço sobre sua barriga e não temos mais nada a dizer, a fazer, além de olhar o teto e esperar a respiração se normalizar. Ela se aconchega em mim e tenho que levantar o braço, me parecendo precisar muito esforço pra isso, para que ela use como travesseiro, encostando o rosto no meu peito ela sussurra em meio a um suspiro:
- Foi tão bom...
Brinco de acariciar seus cabelos e beijar seu rosto, olhos e testa e ela se aconchega toda lânguida em meu abraço, mas se solta bruscamente e fica envergonhada quando sente e nota a úmida mancha de seu sangue no lençol e em suas coxas, saltando da cama entra no banheiro.
Dou graças por ela não ter reparado no meu pau, todo esbranquiçado de seus líquidos e estriado de seu sangue, o preservativo grotescamente se desenrolando, apenas preso ainda na cabeça, pesado de porra, ficando transparente, que tiro e não sei onde colocar e concluo que jogar debaixo da cama é a melhor opção, anotando mentalmente para me lembrar de tirar depois.
Ela demora excessivamente para sair do banheiro. Estranhando, bato na porta, ela abre e vejo que chora, enrolada na toalha. Não entendi porque e me pergunto se as mulheres tem depressão pós-desvirginamento, como tem pós-parto, TPM ou qualquer coisa complicada que costumam ter, então pergunto:
- O que aconteceu?
e ela me abraça em novo acesso de choro
- Nada, nada...sou uma boba...foi tudo tão lindo, tão lindo...
E fico sem entender mais ainda e só então noto que ela tem a mania de frisar o que diz repetindo duas vezes. E não é só no que fala que ela tem mania de repetir, pois começa a me beijar e acariciar, visivelmente com intenções sexuais e eu me surpreendo em sentir meu pau endurecer instantaneamente, subindo, se enroscando e se prendendo entre suas coxas, pois ela ficava na ponta dos pés para melhor me beijar.
Digo que me surpreendo por que fazia muito tempo que não "dava duas seguidas", pois sendo casado, além de prezar mais pela demora em cada relação, o desgaste conjugal provocado por algumas desarmonias que não vem ao caso citar aqui, nunca motivou uma segunda transa seguido. E na verdade, nem acho importante "uma segunda" nos relacionamentos estáveis e prolongados, pois "uma bem dada" com dedicação e interesse pode ser mais compensadora que repetir performance.
Mas, mais uma transa desajeitada e complicada não era bem o que eu queria e nem achava que era o que ela merecia, pois já estava querendo jogá-la contra a parede, apoiá-la contra a pia, debruçá-la sobre o vaso sanitário e já me via segurando-a pela cintura, penetrando sua buceta por trás, sentindo sua bunda se achatar contra minha cintura, vendo meu pau sumir prá dentro dela, forte e dominadoramente.
Por isso, afasto-a de mim, afasto a visão de subjugá-la de pé mesmo, o que até achava que sua compleição física não comportaria e empurro-a para fora do banheiro, mandando:
- Me espere um pouquinho...
e sinto vontade de urinar, mas meu pau está duro demais para conseguir mijar no vaso, então, ligo o chuveiro e mijo no box mesmo, nem me sentindo um porcalhão por fazer isso. Logo eu, que sempre levantei qualquer tampa de vaso, seja onde estivesse, e passava papel higiênico no vaso para limpar eventuais respingos, estava alí, mijando de pé no banheiro, rindo como um adolescente bobalhão e irresponsável, vendo o jato de urina chegar quase à altura de minha testa, de tão duro que meu pau estava.
Volto para o quarto após o banho, que demorou menos que aquela mijada que dei, enrolado na toalha e a encontro desprendidamente deitada na cama, nua, sobre o cobertor que eu havia estendido para poupá-la da visão da mancha de seu sangue, os braços cruzados sobre a cabeça, com um sorrisinho, que não consegui interpretar, na boca brilhante de um batom transparente.
Esse cuidadinho vaidoso de passar batom para ficar mais bonita para mim, na cama me esperando, me deixa encantado e comovido, mas me passa o pensamento raivoso e recalcado que minha mulher nunca fez isso para mim, em minha homenagem, para me agradar. E esse pensamento deve ter se refletido no meu rosto, no meu olhar, como que influencia no meu pau, pois o volume saliente na tolha quase levantada pela firmeza da ereção diminui visivelmente, o que a faz sentar na cama e pergunta ansiosa, cruzando os braços sobre os seios:
- O que foi?
Me recomponho, trago de volta meus pensamentos para aquela ilha, para aquele quarto, meus olhos para aquele corpo e respondo:
- Nada...só me ocorreu como vai ser minha vida sem você a partir da semana que vem...
Ela ensaia dizer algo tipo
- Vai ser como hoje, por que estaremos juntos para sempre...
Mas, eu acho que imaginei que ela disse isso, ou quis dizer, ou queria que ela dissesse ou gostaria que ela tivesse dito, por que me parece agora que é um comentariozinho ensaiado demais, muito prolixo, para ser usado por ela.
Jogo a toalha no chão, me aproximo da cama, beijo seus pés pequenos de unhas rosadas, e vou subindo, beijando-a toda, passando a língua na arte interna, suave e macia na sua rigidez jovem, de suas coxas, leve beijo na sua buceta, no seu púbis, subindo sua barriga, passando a língua, que lhe provoca arrepios e cócegas, que a faz dizer, rindo:
- Ai, pára, pára...
e segura minha cabeça, puxando-me de encontro à sua boca, me beija, segura meu rosto, em suas mão, me beija, me encara fundo e compenetradamente nos olhos, me beija e diz:
- Você é diferente...
e acho que foi um grande elogio, apesar de não ter entendido o que ela quis dizer com isso, então retruco:
- Sou diferente por que te quero muito...
e me espanto por quase ter dito "por que te amo", pois sabia que isso não era verdade, apesar de não saber exatatamente o que sentia por ela.
Minhas pretensões de lhe proporcionar uma inesquecível e excitante sessão de sexo oral, do vulgarzinho, porém bem apropriado termo, "banho de língua", teve que ser descartada, pois quando coloco seu seio na boca e chupo dedicada e intensamente, prendendo seu mamilo nos lábios, passando a língua, ela geme e me puxa pra cima de si, abrindo as pernas, me acolhendo no meio de seu corpo, de suas coxas, meu pau já endurecido, pressionado sobre ela.
Sua fogosidade, seu desejo de ser penetrada quase me frustra e decepciona, pois era grande minha curiosidade e desejo de ver de perto sua buceta e sentir seu gosto e seu cheiro.
Além de que, eu sentia uma necessidade quase patológica e narcisista de lhe proporcionar o máximo de prazer possível e considero a boca, língua e lábios os maiores proporcionadores de sensações de prazer num corpo feminino e sempre fui adepto ferrenho de preliminares. Acho que tem muito a ver com os leves complexos de rejeição e inferioridade que tenho, o que me leva sempre a querer agradar o máximo quem está comigo, como uma forma de compensação. O que nem sempre consigo, é claro, e só quem tem esses complexos sabe o que sofre.
A posição papai-mamãe me parece incômoda por nossa diferença de tamanho, então saio de cima dela, me deito e a puxo sobre mim. Ela me cavalga, encaixando suas pernas em minha cintura, procurando com a mão colocar meu pau pra dentro de sua buceta já molhada, mas a afasto de mim, tendo me controle de evitar penetrá-la sem camisinha, que pego do chão. Ela senta em minhas coxas e observa atenta e curiosamente eu envolver meu pau com aquele plástico protetor de inconvenientes futuros, que fazia mais questão de usar temendo uma gravidez do que qualquer doença, que eu sabia não ter e ela menos ainda. A curiosidade de saber o que se passa em sua cabecinha quando segura meu pau é grande, pois ela o pega pela base, fazendo-o pulsar e latejar em sua mão, seus dedinhos fazendo-o balançar de um lado para o outro, como um brinquedo, um pêndulo. Passando a língua nos lábios, ela se ergue, ajoelhando-se por cima de mim e meio que se perde quando nota que não espaço entre meu pau levantado e sua buceta. Sua aparente confusão me diverte e penso em esperar para ver o que ela fará para resolver o impasse, mas fico com peninha dela e resolvo ajudá-la.
Puxo-a contra meu peito e sinto e ouço sua respiração forte, ofegante, quando acaricio sua bundinha empinada, seus seios bem sobre minha boca, que são sugados e chupados, e posiciono meu pau bem no meio de sua bunda, fazendo subir e descer, pressionando-o para que deslizasse sobre seu rego.
Se abaixa, deitando-me sobre mim, as bocas se encaixando como se fosse inevitável esse encontro, nossas salivas se misturarem, nossas línguas se enroscarem, a dela tímida, a minha mais invasiva, minha boca querendo mais liberdade de movimento sobre seus lábios, a dela mais possessiva, se grudando e colando na minha, pressionada pela sua mão em minha nuca, respiração cruzada, misturada, gemidos sufocados...
Saio debaixo dela, seu peso me liberta, ela me busca com as mãos, me segura, me solto, viro-a de bundinha pra cima, mordo sua nuca sobre os cabelos, geme, afasto-os, geme, beijo, geme, mordo, geme,, afasto suas pernas, minha mão aborca sua bunda, prende, segura, possessiva, aperta, um dedo entra, umidade quente, calor molhado, gemido forte, o pau, invejoso também quer entrar e comanda o resto do corpo. Viro-a de lado. Ergo sua perna, encaminho sua mão para meu pau. Seus dedinhos delicados seguram-no e o encaixa na entrada da sua buceta. Ele entra, invade, dominador, um invasor bem recebido, entrando apertado, abrindo caminho naquele calor, naquela umidade, entra devagar, chega ao fundo, nada mais para entrar, ela geme:
- Aaahhh.....
E aquele Aahhh me motiva a enfiar o pau de novo, e de novo, mas quero sentir, continuar sentindo aquela pressão, a entrada, aquela argolinha de seu útero parecendo rodear a cabeça do pau e sinto como uma eletrecidade saindo de sua bundinha, passando para meus pêlos e a porra se expulsa de mim como uma descarga que me deixa tonta e escuto ela gemer, falar, gritar
-Ai, ai, aaaaaai....
E nem gemer eu consigo de tão forte que foi o orgasmo, tão intenso que foi o prazer explodindo em meu pau, que parece se irradiar pelo corpo todo na forma de arrepios que mais parecem agulhadas, saio de dentro dela, e me jogo para o lado com o coração batendo tão forte que sinto quase explodir e digo:
- Credo....

E arranco o preservativo cheio de porra, jogando no chão, puxando-a para um abraço que nem devemos ter sentido por que quando abro os olhos o dia está claro e vejo seu seu rosto quase colado no meu, apoiada nos cotovelos. Seus olhos castanhos parecendo tão esverdeados que até penso que me enganei anteriormente quanto à cor. Seu hálito de pasta de dentes quando em diz
- Foi tão bom, tão bom...
me faz saber que já havia levantado a algum tempo e me dando vários beijos estalados no rosto, na testa, nas faces, na boca, no peito, dizendo:
- Lindo, lindo, lindo...
E ela me parece um daqueles pardais que escuto gorjeando nas árvores lá fora de tão agitadinha que estava.
- Tá com fome? Eu estou. Vamos comer?
E me puxa pelo braço saindo da cama e me empurra para o banheiro pra baixo do chuveiro e ri escancaradamente quando dou um pulo ao sentir a água fria caindo em mim e bate continência como um soldado raso dizendo
- Sim, senhor...
Quando digo
- Caia fora que eu quero mijar.
E finge que fecha a porta fingindo que me espia mijando e não consigo parar de rir quando ela imita o Burrinho do Schrek:
- Já acabou?
E abre a porte de novo
- E agora, já acabou?
Desisto de mijar, tomo um banho rápido, não acho a toalha, abro a porta, ela se pendura no meu pescoço, imitando uma camareira dedicada, com a toalha dobrada no braço, começa a me secar. Ao ser submetido às carícias de suas mãos na toalha e pela sua posição servilista ao me enxugar, meu pau começa a endurecer, mais pela ingerência psicologia do que por uma questão física, pois me sentia plenamente saciado sexualmente. Mas, dar mais uma trepada em 24 horas do que já havia dado em 15 dias não era bem o que queria, por isso, afastei-a, coloquei a roupa e fomos para o café da manhã.
Chegamos ao salão do café e desta vez me sinto orgulhoso de mim mesmo dos olhares que provocamos, em vez de me sentir reprimido e envergonhado como da vez anterior.
Ela ri provocativamente, sentados à mesa ao ver uma carioca gorda fazer uma cara de nojo quando tiro um farelo de pão do cantinho de seus lábios e coloco na boca e não sei se fico brabo, constrangido ou amedrontado quando ela diz:
- Sabe, querido, eu adoro salsicha, mas não como por que não quero ficar cheia de celulite quando ficar velha...
E me sinto mediocramente realizado ao defender seu ponto de vista:
- Isso, meu amor, se cuida por que senão você vai ficar uma quarentona recalcada e invejosa...
E me sinto feliz estragando o dia de uma babaca preconceituosa, por que a carioca (tenho certeza que ela era carioca...) levanta bruscamente da mesa, deixando sua montanha de salsicha, pão com margarina e bolo nos pratos e sai chacoalhando sua gordura relapsa entre as mesas e vai para fora curtir sua raiva invejosa gratuita.
Após o café, saímos caminhar pela ilha, e ela parecia querer me fotografar com o celular a cada movimento que fazia. Quando a memória encheu, começou a deletar fotos antiga, me mostrando.
- Esse é meu tio, essa é minha tia, essa é minha mãe...não vou deletar essa...adoro essa foto...
Quando vi aquelas pessoas, seus parentes, sua mãe (que nunca havia casado, segundo ela) todos na minha fixa etária, cheguei à conclusão e decidi que nosso caso tinha que terminar, que não poderia prosseguir.
Explico para ela que tenho que ir para casa, por motivos vários, ela chora bastante, mas parece compreender, me leva até a barca para Paranaguá, nos comprometendo a ligar, entrar no Msn, Orkut, eu ir para o RS etc etc.
Eu me apoiava na idéia fixa que eu não passaria de nada mais de um namorico de verão e isso quase aplacava minha consciência se levasse adiante minha idéia que não entraria mais em contato com ela.
Logo que embarquei, quis o Destino, sempre cruel, traiçoeiro, irônico e sábio, que eu deixasse cair meu celular na água, estando nele seu número de telefone, praticamente nosso único ponto de contato.
Chego em Curitiba, em casa, beijos e abraços de meus filhos:
- I daí, pai, pegou algum pexão?
Uma leve demonstração de interesse da esposa, um beijo frio no rosto como costumavam estar nossos beijos nos últimos tempos.
- Estava divertido?
E volta para sua literatura evangélica, sem nem mesmo conseguir demonstrar interesse pelas histórias que eu teria que inventar e decido naquele momento que aquele casamento falido não poderia continuar.
Dois dias depois saio de casa, largo a direção da empresa do qual éramos sócios, vou morar no sitio que tínhamos, realizando um antigo sonho.
Começou meu período de decadência nesta época. A empresa não conseguiu sobreviver sem mim, sendo incorporada por um grupo estrangeiro praticamente de graça.
Tempos terríveis pela frente e para trás desde essa época.
Apesar de tudo, apesar desse tempo todo passado, ainda não me sai da cabeça e penso muito sobre o que aconteceu, o que pode ter acontecido, quando ela voltou para o RS e nunca mais pode falar comigo. E, principalmente, o que a Terezinha pensou ao ver seu passado ressuscitar nas fotos que sua filha mostrou para ela na tela de um celular.
Fim. De um começo. E o começo de um fim.
(Autor: HR)

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