29 agosto, 2006

O conceito Google de gestão de pessoas :

Com um conceito inovador de gestão de pessoas, a empresa cria um ambiente de trabalho confortável, que estimula a criatividade e a inovação


Uma idéia genial e um software com capacidade única não teriam sido suficientes para criar, em apenas oito anos, a empresa mais promissora do mundo, que fatura bilhões de dólares por ano e está entre as vinte companhias mais valorizadas do planeta.

Todo um conceito de gestão de pessoas foi fundamental para que essa ascensão meteórica se tornasse possível.

Este é o Google, que de um site de busca, transformou-se em um provedor de serviços que oferece e-mails, blogs, páginas personalizadas, agendas, sites de relacionamento e de trocas de vídeos, localização via satélite, entre outros, demonstrando uma habilidade ímpar de inovação, eficiência e criatividade.

Mas tais características não são por acaso, pois o desejo de criar um ambiente de trabalho agradável e fomentar a criatividade e a inovação são preocupações constantes de todos os funcionários da empresa.

“A gente briga muito para manter essa cultura de construir um ambiente confortável para as pessoas trabalharem”, explica Deli Matsuo, gerente de Recursos Humanos do Google Brasil.

A começar pelo fato de que a empresa tem por critério que os benefícios devem ser iguais para todos os funcionários, independente do nível hierárquico dentro da organização.

Por exemplo: a assistência médica é a mesma para a pessoa que está na base da empresa até a que está na posição mais alta.

No projeto de construção de um escritório do Google, uma série de normas decididas nos termos de segurança, ambiente, iluminação, ergonomia e móveis são especificados dentro de um determinado padrão.

“O espaço de trabalho de cada colaborador tem uma metragem enumerada - uma medida necessária para que as pessoas se sintam confortáveis -, áreas de lazer e de descanso também devem ser construídas”, diz o gerente.

No escritório do Google Brasil existe uma sala, chamada de lounge (palavra inglesa para lugar de descanso), que é ocupada por “pufs”, redes, bolas para exercícios de fisioterapia, tabuleiros de xadrez, gamão e damas, máquinas de café, lanches, sucos e refrigerantes.

Além do lugar específico para relaxar, existem brinquedos espalhados por diversos cantos do escritório, como mini cestas e bolas de basquete, mini gols e bolas de futebol, além dos disparadores Nerf, arma de brinquedo que dispara um projétil leve que gruda na parede ou na roupa. No refeitório tem uma mesa de pebolim e um vídeo game Wii, console de última geração da Nintendo, todos com a finalidade de fazer com que as pessoas descarreguem as energias.
“Isso serve para que as pessoas possam relaxar no meio do dia, ou na hora que elas quiserem. Temos também cuidados como creme de mão, espuma de barbear e desodorante dentro do banheiro”.
Dessa forma, parece até que os funcionários do Google não trabalham, mas pelo contrário, as atividades são muito bem administradas pela companhia. A política de gestão de pessoas do Google desenvolveu a seguinte fórmula: 70% - 20% - 10%, na qual a primeira porcentagem significa o tempo em que o empregado deve dedicar-se à empresa. Os 20 % representam o tempo em que deve se ocupar com pesquisas de interesse pessoal e os 10% restantes, quanto deve usar para lazer.

“O Orkut foi desenvolvido por um de nossos funcionários nessa parte dos 20%”, conta Carlos Félix Ximenes, gerente de Comunicação do Google Brasil. Para trabalhar no Google, os profissionais precisam possuir capacidade de exercer as suas atividades em equipe, pois os projetos podem estar sob liderança de qualquer profissional de suas filiais espalhadas pelo mundo independente de seu nível hierárquico. “A gente trabalha com muitos projetos, às vezes até alguns que não são da nossa área de atuação. Mas, se podemos oferecer alguma contribuição, somos convidados para participar em determinado momento, podendo ficar sob liderança de alguém que está em um nível hierárquico acima ou até mesmo abaixo que o nosso. Isso, aqui, não importa, não faz diferença”, fala o gerente de comunicação.

Uma das principais preocupações da empresa é a de motivar, constantemente, os seus colaboradores. Prêmios que podem ir de um boné até uma viagem, ou um bolo de dinheiro são oferecidos para os que se envolvem em projetos pessoais. Matsuo explica que a premiação em si não faz muita diferença no Google: “o que realmente faz diferença é a pessoa sentir que contribuiu efetivamente. Essa é a chave da nossa relação com os funcionários. Aqui, não estimulamos só as pessoas que trazem grandes economias, ou que aumentem absurdamente as vendas, mas premiamos as pessoas que têm idéias brilhantes e que melhoram as vidas das outras pessoas que aqui trabalham”, completa.

A criatividade e a inovação também estão em constante fomentação na empresa. “Só para se ter uma idéia, na porta do banheiro tem um quadro branco chamado de bathroom brainstorm, em que os funcionários deixam frases quaisquer que são complementadas por outros colaboradores. Tudo visando o incentivo e estímulo à criatividade”, explica Ximenes, gerente de comunicação.

O Google também privilegia a política de não possuir portas nem barreiras em seu escritório. Segundo Ximenes, os próprios fundadores da empresa circulam entre os funcionários e são, muitas vezes, motivos de piadinhas. “Aqui não tem essa de ter de tomar cuidado com o chefe. O Alexandre Hohagen, que é o diretor geral do Google Brasil, joga pebolim e leva o maior caldo de todo mundo. O pessoal tira sarro dele mesmo”. Por meio de uma gestão de pessoas inovadora e um tanto quanto excêntrica, o Google vem se destacando como uma empresa criativa e como referência em qualidade de vida no mercado, contribuindo, assim, para a criação de um conceito moderno e revolucionário nas relações humanas dentro do ambiente de trabalho, refletindo na vida pessoal e profissional como um todo.

Fonte: http://www.rhcentral.com.br/pen/pen.asp?ano=10&numero=106&pagina=14

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