28 fevereiro, 2007

A gaveta da identidade

Hoje, pela manhã, exatamente como um raio de sol, você entrou em meu quarto. Seu “olá” teve o som de uma sinfonia imortal para os meus ouvidos.

Esperei que você se aproximasse de mim, porque minhas pernas já não são tão firmes e tenho dificuldades para me manter em pé.

Você ficou à distância. Reclamou do cheiro de mofo e abriu amplamente a janela. Fiquei feliz porque sempre dependo de que alguém chegue e faça isso por mim.

Amo os dias de sol. Eles me recordam os dias felizes em que a memória não me traía tanto e eu podia me sentir útil, realizando pequenas tarefas no lar.

Com a voz fraca, tentei conversar. Mas acho que você deve estar com muitos problemas, porque traz a face enrugada e parece muito contrariado. Suas respostas foram curtas e secas e resolvi me calar, respeitando as suas preocupações.

Foi aí que você abriu a minha gaveta, aquela pequena da minha cômoda. “Quanto lixo!”, foi o que você disse.

Meu coração começou a saltar. Você estava mexendo no meu tesouro. Alegrei-me porque agora, pensei, poderia lhe falar do significado de cada uma daquelas pequenas jóias.

A foto amarelada de seu avô e eu. Foi tirada durante nossa lua de mel. É em preto e branco. Mas eu recordo que o cravo na lapela do seu avô era vermelho e o meu vestido era estampado com flores miúdas coloridas.

“Mas, o que você está fazendo? Não revire deste jeito as coisas da gaveta. Você poderá amassar a fita azul que eu usava nos meus longos cabelos. Ou então o papel de bombom que está aí. São tantas preciosidades.

Não, não é lixo! É minha vida. Não jogue fora.”

Como não tenho com quem trocar idéias, nem quem me ajude a relembrar os dias vividos, que teimam em escapar da memória, sirvo-me dessas coisas antigas para avivar as recordações.

Elas são o diário da minha vida. A flor seca me foi dada por sua mãe, em criança, num feliz dia do meu aniversário. Ela perdeu o viço, o perfume mas encerra lembranças dos dias venturosos em que aguardava as crianças virem da escola, esperava meu eterno noivo retornar da fábrica.

Você estabelece o horário para eu comer, dormir, acordar. Não posso ter vontades, nem desejos atendidos.

Os meus sonhos, as minhas melhores realizações estão encerradas nesta gaveta. Os objetos que guardo me ajudam a lembrar que eu existo.

Não jogue fora minha identidade. Ela é feita de todas essas pequenas coisas que você chama de lixo e eu chamo “Meu tesouro.”

* * *

Aprendamos a ver nos olhos da criança a mensagem da esperança e nos cabelos brancos a lição da experiência.

Não nos esqueçamos que os que hoje vivem a velhice, foram homens e mulheres que deram o seu valioso contributo ao Mundo.

Foram eles que nos geraram, permitindo-nos a vida na Terra. Foram eles que nos educaram. Foram eles que prepararam as bases para que pudéssemos desfrutar na atualidade esse mundo de conforto, de tantas e proveitosas oportunidades.

Tratemos muito bem os nossos idosos, hoje, enquanto estão conosco. Amanhã, poderá ser tarde demais.


Autoria: Redação do Momento Espírita.

27 fevereiro, 2007

Virtude ideal

Certa vez, um homem considerado virtuoso visitou uma fazenda onde viviam duas famílias. Encontrou, logo à chegada, duas mulheres que o receberam com alegria.

Sentiam-se honradas em receber a visita de um homem tão perfeito. Sua fama o precedera. Elas lhe trouxeram comida, água fresca para se dessedentar.

Ele lhes perguntou sobre suas vidas.

Elas, de forma muito simples, contaram que trabalhavam duro em casa e no campo, com seus maridos. Tinham muitos filhos amados de quem cuidavam. Sofriam doenças, pobreza e mortes, como todas as demais famílias.

Mas, e quanto a suas boas ações, perguntou-lhes o bom homem. O que fazem para Deus?

Elas se entreolharam e confessaram que nada faziam.

Não tinham dinheiro para dar, por serem muito pobres. Não tinham tempo de muito realizar por outras pessoas, pois suas próprias famílias as mantinham muito ocupadas.

Contudo, acreditavam-se felizes.

Ele se despediu delas e se foi.

Passando pela casa vizinha, como o intrigasse aquela vida tão simplória das duas mulheres, perguntou a um homem que trabalhava no jardim a respeito delas.

Ora, respondeu ele, são as melhores pessoas que já existiram. Moram aqui há 25 anos e ninguém ouviu qualquer animosidade delas. Já passaram por muitos sofrimentos.

Elas se importam com seus próprios problemas e recebem todos com palavras doces e um sorriso agradável.

Então, uma luz diferente se fez no íntimo daquele homem.

E pensou: "Tenho vivido sozinho todos esses anos, controlando meu temperamento, sendo paciente e cordato. Mas será que eu poderia ter feito o mesmo com as preocupações de uma vida em família?

Já me habituei a viver com muito pouco, mas como estaria na pobreza, se outros sofressem além de mim? Não sei se poderia suportar a fadiga e o desgaste de ganhar o pão para outrem.

Verdadeiramente é mais difícil tornar-se um santo em casa do que num deserto.”

E reconheceu que a verdadeira santidade é trabalhada no dia-a-dia, no trato com o semelhante.

Alçou uma prece profunda a Deus pedindo por uma nova chance: a de participar da vida comum, onde desejava encontrar um espaço para devotar-se ao próximo e servir aos seus irmãos.

Ser bom, caritativo, laborioso, modesto são qualidades do homem virtuoso.

Toda criatura que possui virtudes não as ostenta. Tal qual a violeta, simplesmente espalha seu discreto perfume e se esconde entre a folhagem farta.

Pratica o bem com desinteresse completo, e inteiro esquecimento de si mesma.

* * *

A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem.

As criaturas verdadeiramente virtuosas desconhecem que o são.

Muitas passam quase despercebidas pelos homens, mas sempre conhecidas de Deus.

Exemplos assim foram Vicente de Paulo e o digno Cura d\'Ars.

Redação do Momento Espírita, com base no item 8 do cap. II de O evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb e no cap. Santidade verdadeira (adaptação de Joel H. Metcalf) de O livro das virtudes, v. II, de William J. Bennett, ed. Nova Fronteira.

26 fevereiro, 2007

Crueldade humana

O famoso escritor francês Voltaire disse, certa vez, que "Necessitam-se vinte anos para levar o homem do estado de planta em que se encontra no ventre de sua mãe e do estado de puro animal - que é a condição de sua primeira infância - até o estado em que começa a manifestar-se com a maturidade da razão.”

Disse que “Foram necessários trinta séculos para conhecer um pouco sua estrutura e que seria necessária a própria eternidade, para conhecer algo de sua alma. No entanto, não é preciso senão um instante para matá-lo.”

Naturalmente, Voltaire se referia à morte do corpo.

Sempre com maior intensidade tem se notado o desprezo à preciosa vida humana.

Individualmente, as pessoas se lançam a práticas de esportes ditos radicais, que lhes comprometem a existência.

Ao mesmo tempo, nos chegam, todos os dias, as notícias de guerras, de massacres, de barbáries.

No século XIX, quando o Codificador da Doutrina Espírita trabalhava para a produção da obra "O livro dos espíritos”, indagou às vozes celestes o porquê da crueldade ser o caráter dominante de alguns povos.

A resposta dos luminares foi de que entre os povos primitivos a matéria sobrepuja o Espírito.

Eles se entregam aos instintos animais e como não têm outras necessidades, além das corpóreas, cuidam apenas da sua conservação pessoal.

É isso que geralmente os torna cruéis. Além disso, os povos de desenvolvimento imperfeito estão sob a influência de Espíritos igualmente imperfeitos, que lhes são simpáticos.

Conseqüentemente, agem sob o comando daqueles.

Mesmo em civilizações mais adiantadas, existem criaturas tão cruéis como os selvagens, da mesma maneira que, numa árvore carregada de bons frutos, existem os temporões. São lobos extraviados em meio a cordeiros.

Acenam-nos os Espíritos, entretanto, com a esperança de que a Humanidade progride. Esses homens dominados pelo instinto do mal, que se encontram entre os homens de bem, desaparecerão pouco a pouco, como o mau grão é separado do bom quando joeirado.

Necessitarão retornar e retornar, em novos corpos, para o exercício do aperfeiçoamento, para que adquiram qualidades novas.

Aos homens de hoje, educadores, pais e professores cabe o dever inadiável de estimular os sentimentos nobres nas gerações, através de exemplos dignificantes, onde a vida seja considerada bem precioso demais para ser desprezado ou destruído, em nome de qualquer bandeira política, religiosa ou de caráter particular.

* * *

Todas as faculdades existem no homem em estado latente.

Elas se desenvolvem de acordo com as circunstâncias mais ou menos favoráveis.

Assim, o senso moral existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.

Redação do Momento Espírita com base nas pergs. 752 a 756 de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb e em pensamento de Voltaire, colhido no livro Um presente especial, de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana.

25 fevereiro, 2007

Lição de vida

Conta-se que um príncipe chinês se orgulhava de sua coleção de porcelana. Era muito rara e de procedência muito antiga. Tratava-se de doze pratos, de grande beleza artística e decorativa.

Certo dia, o empregado que realizava a limpeza teve um momento de descuido e deixou cair um dos pratos, que se espatifou ao chão.

O príncipe, ao saber do sucedido, ficou enfurecido. Gritou, esbravejou e sem piedade, condenou o serviçal à morte.

A notícia se espalhou por todo o império, qual um rastilho de pólvora. Os mais variados comentários se faziam ouvir e, naturalmente, a tônica geral era a impiedade do governante.

Afinal, por mais preciosa que fosse a peça, não passava de um prato.

E o serviçal era um ser humano, servidor leal de muitos anos. Como comparar-se uma e outro?

Às vésperas da execução do condenado, no entanto, apresentou-se um sábio no palácio. Já bastante idoso, afirmou ao príncipe que devolveria a ordem à coleção.

Sensibilizado, o governante mandou reunir toda a corte e, ansioso, ficou à espera do cumprimento da promessa pelo ancião.

O sábio compareceu, simples, frente à corte. Pediu que lhe trouxessem a coleção, inclusive os pedaços do prato quebrado.

Sobre uma mesa, estendeu uma toalha de linho muito branco e em cima dela dispôs os onze pratos.

Tomou dos pedaços da porcelana e também os estendeu sobre o linho.

Depois acercou-se da mesa e ante o assombro geral, em um gesto repentino, puxou a toalha com as porcelanas preciosas, jogando-as sobre o piso de mármore. Todas se arrebentaram.

Ante o pavor dos membros da corte e a ira do príncipe quase a explodir, o ancião falou sereno: "Conforme prometi, aí estão. Todos iguais. Agora, se desejais, podeis mandar matar-me.

Como estas porcelanas lhe são mais valiosas do que as vidas dos seus súditos, resolvi sacrificar minha vida a benefício daquelas.

Afinal, já vivi bastante. Sou muito idoso. Sacrifico-me em benefício dos que iriam morrer no futuro, cada vez que uma das peças fosse quebrada.

O que desejo é com minha vida salvar doze vidas, já que elas, no seu conceito, valem menos do que os pratos de porcelana."

O príncipe, passado o choque, entendeu a mensagem. Mandou libertar o serviçal condenado e também deixou ir livre o ancião, a ambos perdoando.

Nada há mais precioso do que a vida, particularmente a vida humana.

Quando a criatura amadurece, passa a compreender que embora os bens materiais devam ser preservados para a devida utilização, deve se valorizar muito mais os bens do Espírito.

E, entre esses, a oportunidade da existência na carne é dos mais preciosos, desde que através dela, o Espírito progride, experimentando reveses, provas, ocorrências diversas e conquistas.

* * *

O Espírito nasceu para o triunfo. As dificuldades que defronta, quando encarnado, fazem parte do seu aprendizado para alcançar a meta para a qual ruma, de forma inevitável: a perfeição.

É por isso mesmo que cada etapa vencida se constitui em patrimônio que enriquece o Espírito.

Cada dia, no corpo, é uma lição de vida que nos cabe aproveitar em totalidade.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Lições de vida, do livro Vida: desafios e soluções, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

24 fevereiro, 2007

Preciosidade do corpo

Na manhã clara, subimos a rua em direção ao trabalho. Novamente, ao chegarmos frente à casa em plena reforma, paramos.

Desde algumas semanas, quando os trabalhos começaram a dar uma nova forma à moradia, passamos a admirar o esmero em cada detalhe.

A cada dia, a casa se tornava mais bonita, ampla, semelhando espetacular mansão, enchendo os olhos de quem passa.

Há beleza no conjunto e nas particularidades, desde as lajes da entrada aos canteiros do jardim. Do telhado novo, pintado, aos contornos das janelas ovais.

Enquanto a admirávamos outra vez, intimamente pensando no bom gosto dos seus proprietários, o dono da casa chegou ao portão e, vendo-nos embevecidos na contemplação, entabulou conosco animada conversação.

Falamos de nossa admiração pelo conjunto arquitetônico e ele passou a dizer do tanto ainda por fazer e por gastar, não deixando de mencionar o quanto já despendera na obra.

Foi então que, olhando detidamente nosso interlocutor nossa admiração atingiu o auge.

O homem apresentava-se com a barba de dias por fazer, os cabelos em desalinho e na boca, raros e esparsos dentes estragados.

Enquanto ele não cessava de falar a respeito dos projetos a executar em sua moradia, uma idéia nos acudiu.

O homem estava muito preocupado com a casa que lhe abrigava o corpo. Contudo, esquecia-se de cuidar do corpo que lhe abrigava a alma imortal.

Quanto descuido! E logo com o sagrado instrumento do Espírito que é o corpo.

Quantos de nós assim procedemos? Gastamos muito em jóias, perfumes, carros, viagens, lazer, aparelhos sofisticados que nos atendam aos sentidos e descuramos de atender o corpo.

Quantos nos recordamos de buscar o médico periodicamente, consultar o dentista, submetermo-nos a exames clínicos e laboratoriais regularmente?

A grande maioria de nós somente comparece aos consultórios médicos e odontológicos quando a enfermidade já se apresenta em adiantado estágio.

No entanto, desatender às necessidades do corpo é desatender a lei de Deus.

Instrumento que nos é concedido por empréstimo, o teremos de devolver, com as contas do quanto dele nos servimos e como o tratamos.

Se perecer antes, por descuido nosso, teremos que dar contas, tal qual o servidor do instrumento que lhe é confiado para uma tarefa.

Repensar valores é sempre oportuno.

* * *

O corpo é concessão de Deus para o Espírito aprender e agir, valorizando os recursos disponíveis.

O corpo é veículo com que a Divindade honra o ser imortal, facultando-lhe a ascensão aos planos celestes.

Cuidá-lo, atendê-lo em suas necessidades é dever da alma agradecida pela oportunidade recebida.

Redação do Momento Espírita, com frases finais colhidas no verbete Corpo, do livro Repositório de sabedoria – v. 1, pelo espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 29.01.2008.

23 fevereiro, 2007

Socorro tardio


Você já parou para pensar, algum dia, a respeito da caridade?

De um modo geral, confundida com a esmola pura e simples, o dar para se ver livre do pobre, do pedinte, dar para que ele se vá, de uma vez.

Face aos problemas da fome, da miséria, já não lhe ocorreu dizer: Isto é um problema do governo? Será mesmo?

Afinal, quem, em que hora, quando e em que lugar deve praticar a caridade?

Certa vez, no tempo dos czares, no Teatro de Moscou, foi representada uma peça muito célebre.

Todas as dependências estavam totalmente tomadas pelos membros da realeza.

O enredo girava em torno dos sofrimentos de um soberano místico que, em meio a cruéis padecimentos, sacrificou-se pela fé cristã.

A música enlevava os corações da nobreza assistente. Todos se identificavam com as agonias cristãs da personagem que, de alguma forma, traduzia um pouco do íntimo de cada um.

Quando findou o colorido espetáculo, à saída do Teatro, deitado sob a marquise, estava um mendigo.

Tiritava de frio. Parecia que delirava em meio à nevasca da noite.

Uma das damas da corte, ao descer as escadarias que a levariam à sua carruagem, movida por um natural impulso de bondade, retirou o rico casaco de peles que a agasalhava, e se encaminhou em direção ao pobre homem, com a firme intenção de o cobrir.

A dama que lhe fazia companhia, porém, percebendo o que a outra iria fazer, a deteve.

Não faças isso!

De que adiantaria a esse miserável uma peça de vestuário de tal valor? Amanhã enviarás, por um dos teus servos, agasalhos quentes para ele.

A dama do casaco de alto preço, movida agora por sentido utilitarista da vida, respondeu: Sim, tens razão. E tornou a vestir o casaco, buscando a carruagem.

Chegaram ao luxuoso castelo, tomaram um chá quente e reconfortante e buscaram as camas aconchegantes.

Esqueceram da agonia do desconhecido tombado sob a marquise gélida.

No dia seguinte, despertando já manhã alta, a dama recordou-se do homem tiritante de frio.

Chamou um de seus servos e ordenou que levasse agasalhos ao pobre homem.

Quando lá chegou, o serviçal se deparou com o desconhecido já morto, sendo removido pela polícia.

* * *

O fato responde aos questionamentos iniciais.

Sempre que a caridade recebe a interferência de polêmicas, discussão, debate, invariavelmente o socorro chega atrasado.

É necessário que cada um de nós faça o bem hoje. Há muitas formas de se praticar a caridade:

Retirar alguém da escuridão do analfabetismo. Providenciar internamento devido a um doente sem recursos.

Levar o remédio necessário ao que se encontra no leito. Propiciar o leite a uma criança cuja mãe já apresenta os seios vazios.

Ofertar um brinquedo ao menino de rua, ao garoto sem pais, à criança que espera.

Enfim, ser caridoso é fazer aos outros o que desejamos que os outros nos façam, tanto no aspecto material como no moral.

* * *

As nossas posses de nada valerão se não tivermos no cofre do coração o pão da caridade e a palavra consoladora da misericórdia que nos compete distribuir.

Dar do que nos sobra é dever de solidariedade, dar um tanto mais é doação plena.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 9 do livro Moldando o terceiro milênio, de Fernando Worm, ed. Leal e cap. 16 do livro Estudos espíritas, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Feb.
Em 01.02.2008.

22 fevereiro, 2007

O Destino, Terezinha e Eu...

Sou partidário e seguidor da teoria que o Destino aparece, se mostra e se manifesta para poucos porque ele está muito ocupado tecendo teias para enredar uma minoria de escolhidos, que se arrolam em suas tramas como as moscas e pernilongos numa teia de aranha. E nem sempre com boas intenções. Os que recebem a atenção do Destino podem se considerar privilegiados. Ou podem ser suas vítimas. Por que o Destino é sábio, mas pode se comportar como uma criança mimada. O Destino é intemporal, mas, não tem nenhuma noção de senso geográfico, nem de tempo e não tem nenhum senso de humor. E se tem, é um humor sarcástico, irônico, quase cruel. Certamente sou o único seguidor dessa teoria por que acho que acabei de criá-la, mas, infelizmente não tenho recursos intelectuais para desenvolvê-la em sua plenitude. Ainda mais por que estou mais próximo de ser um ateu que um fatalista, crente na onisciência e onipresença de um Destino que se preocupa com nossa reles existência inserida num contexto de cosmo, seja micro ou macro. Oh, vida, oh, dia...quem sou, de onde vim, para onde vou, não ocupa muito espaço em minha insignificante existência, reconheço. Por mais que quisesse tentar, e até acho que deveria, aparentar ser um homem sensível e profundo, com conteúdo, para impressionar e conseguir comer mais facilmente alguma eventual leitora desse relato de uma parte de minha vida que viesse se impressionar com o que escrevo, tentarei ser conciso no que vou relatar aqui. Homens sensíveis tem mais contatos de Msn e amigas de Orkut que homens como eu, que não se impressionam muito com perfizinhos fakes de bundas de fora e não se excitam com “hum, hummm, ummmmms e nhac nhac de beijos mordidos” nem acham muita graça de se masturbar na frente de uma tela de computador...mas, isso é uma viagem crítica e está me desviando do assunto principal, que é contar a história de minha vida com Terezinha, uma pessoa envolvida nas mesmas teias que meu Destino teceu para mim.
Agora é uma madrugada de domingo. Não sei que horas são. Tanto pode ser 01:00hrs, como 04:00hrs, pois é lua minguante, e ela está do outro lado do galpão onde estou, então não posso ver em que altura do céu ela está para poder ter uma base. Estou no sítio de meu irmão, no galpão campeiro onde gosto de dormir quando venho aqui. E aqui não tem relógio e não tenho a menor idéia onde está meu celular para ver as horas. Acabei de acordar, por que os demônios interiores resolveram fazer festa em minha cabeça já atormentada por uma leve, mas persistente dor de cabeça, provocada por excesso de cerveja, pinga de alambique que me entreverei desde ontem as 10:00 horas da manhã, carniando porco, fazendo banha, lingüiça e torresmo para a churrascada da festa de aniversário de meu sobrinho quando amanhecer o dia.
Meus demônios interiores se aquietaram, repelidos pelo ambiente bucólico em que estou...Agasalhado com a capa gaúcha de meu irmão, sentado numa cadeira estofada com uma manta de lã de carneiro, em frente ao fogo do fogão campeiro, tomando chimarão, fumando cigarro de palha e podendo guspir no chão. O fogo crepita, com as labaredas da lenha de pinheiro, fazendo estalar os pinhões que coloquei na chapa. Olhando pela janela, vejo o vulto de um galo no estrado da cocheira, que bate as asas e canta, parecendo querer acordar o mundo todo com seu coricocó desafinado e entusiasmado, o que me faz concluir que passa das 04:00hrs da madrugada.
As ovelhas estão balindo no aprisco e seus “béé, béé” soam tristes. Mas, ovelhas sempre são tristes...Por isso que Jesus foi considerado o Cordeiro de Deus, indo para o abate docilmente. Jesus foi um homem triste, as ovelhas são tristes sempre. Nunca gostei de ovelha. Nem viva, nem assada.
Caboclo, o cavalo crioulo de meu sobrinho, relincha alegremente correndo pelo pasto. As juritis começam a piar lá no mato, acompanhadas pelos sabiás. Uma curruira acompanha mais discretamente ao lado da janela. Os Quero-quero fazem estardalhaço quando um biguá passa grasnando, voando em direção do açude. Lá da serra escuto o barulho, abafado pela distância, do trem indo para o Porto de Paranaguá. E é um barulho que me provoca grande nostalgia, pois me lembra de minhas viagens, quando adolescente, e percorri quase todo o Rio Grande do Sul pendurado naqueles vagões da RFFSA. Como é interessante e intrincada a cabeça da gente...Concluo agora que foi o barulho do trem que criou o linck para que eu lembrasse da Terezinha, que me provocou esse sentimento nostálgico e quisesse contar nossa história...
Vou logo avisando para os auto-manipuladores da genitália, para não ser grosseiro dizendo punheteiros de plantão, que este relato pouco terá de erótico. Tanto que nem deveria estar nessa comunidade. Talvez devesse estar na Nada Acontece por Acaso, na Histórias de Amor e Paixão, na Histórias do Destino e etc. Ou em lugar nenhum. Mas, como uso este espaço e comunidade para tentar exorcizar meus demônios interiores que se manifestam pelas lembranças de um passado sempre presente, me julgo no direito de escrever o que quiser. Então, vá ler outro conto qualquer, pois este aqui nada terá de excitante.
Perdi minha virgindade amorosa com a Terezinha. Digo amorosa por que minha virgindade física eu tinha perdido com uma puta gorda do puteiro de minha cidade, que custou a metade de meu salário de meio expediente na fábrica onde trabalhava no período da tarde, lá no interiorzão do Rio Grande do Sul.
Pois bem, me apaixonei por Terezinha com quase 15 anos de idade e namoramos secretamente por quase um ano, pois ela tinha vergonha de ser vista com um maconheiro bêbado e irresponsável como eu era na época, o que era perfeitamente compreensível. Por me amar ela me aceitava, por amá-la eu compreendia, mas nada fazia para mudar. Em que pese o fato que eu era cinco anos mais jovem que ela, o que era um absurdo naqueles tempos. Estranhamente, nunca consegui lembrar-me de como nos conhecemos.
Por este, entre outros motivos, nosso relacionamento era bastante conturbado. Nossas transas eram intensas, vibrantes, emocionantes, pois sempre pareciam escusas, com um certo sentido de clandestinidade, de ilegalidade vergonhosa. Afinal, só transávamos confortavelmente, quando eu era sorteado para ficar sozinho no quarto da republica que morava com mais quatro amigos, nas noites de sexta e sábado quando, na maioria das vezes, sabia que pelo menos um deles ficava assistindo pelas frestas da parede, tocando punheta, como eu mesmo fazia quando era a vez deles ficarem com a namorada no quarto.
Pode parecer idílico e excitante para muitos de vocês saber que transávamos nos bosques, nas beiras de rios, nas ruas escuras, em terrenos baldios, nas madrugadas que ela pulava a janela de seu quarto para se encontrar comigo, fugindo de seus pais, mas considerem que isso é excitante quando se QUER transar assim, não quando se PRECISA, quando não se tem outra opção.
Mas, mesmo um grande amor pode sucumbir à pressão familiar, à sociedade e a todas as dificuldades que eu acarretava.
Na verdade, tenho que admitir que o estilo de vida que eu levava era ocasionado por mim mesmo, devido ao consumo excessivo de álcool e drogas que eu imputava à minha rebeldia e inconformismo social-espiritual, meus conflitos religiosos. Nem sei como explicar esta minha questão e nem sei há justificativa para isso, mas quando eu tinha 12 anos já estava lendo livros que muitos não conseguiam compreender aos 30 anos. Com 15 anos já tinha lido mais livros que a grande maioria não leu na vida toda. E noto agora, quando paro para pensar, que me parece que eu era mais inteligente quando adolescente que sou agora, como quarentão. Não culpo nada nem ninguém, além de mim mesmo, mas talvez se eu tivesse recebido alguma orientação maior, mais direta, eu poderia ter me transformado num grande líder em alguma coisa.
Então, um dia Terezinha me diz que tinha começado a namorar um fulaninho, futuro candidato a gerente da agencia do Banco do Brasil de nossa cidade, um dos empregos mais cobiçados naquelas cidadezinhas do interior, onde trabalhar no BB era a garantia de ser um bom-partido.
Queria poder dizer que “lembro como se fosse hoje”, mas só consigo lembrar era quase meia-noite quando ela me contou, na Praça da Igreja, quando nos encontramos após a saída do colégio (não obstante tudo isso que eu era, ainda estudava de noite e trabalhava durante o dia como auxiliar de produção, quando aconteceu isso). Quando ela disse:
- Me perdoa, Vanderlei...
com lágrimas nos olhos e quis me abraçar, eu virei as costa, fui para casa, peguei minha mochila, saí caminhando da cidade, abandonando emprego, colégio, amigos, família e fiquei quase um ano viajando como andarilho, de carona, pelo Rio Grande (foi a esse período que me referi sobre o trem no início desse relato).
Neste ano, conheci quase todas as cidades do estado, comendo quando podia, dormindo onde dava.
Um dia, vejam só que coincidência, estava eu numa lanchonete da Doutor Flores, em Porto Alegre, almoçando meu prato mais comum, que era katchup e mostarda com guardanapo que surrupiava enquanto fingia que esperava alguém, encontro meu irmão, que tinha ido fazer um curso na cidade. Me conta ele que meu irmão mais velho iria se casar no fim de semana. No outro dia, embarcamos juntos, de volta para casa. E ele ri até hoje quando conta como me observava comendo escondido katchup no guardanapo.
Descubro que Terezinha tinha ido estudar em Santa Maria, o seu namoro com o tal gerentinho do Banco do Brasil não tinha dado certo. Resolvi me aquietar, pois minha mãe havia sofrido muito com meu sumiço. Um amigo me arrumou um emprego de Auxiliar de Vendas numa representação de armarinhos. Seis meses depois eu tinha um fusca e meu próprio auxiliar. Um ano depois eu tinha três Kombis e seis vendedores e era dono do único Dodge Polara 1800 da cidade. Uma carreira e crescimento tão alto assim causou tanta inveja aos deuses que um ano e meio depois eu tive que fugir na calada da noite da cidade e vim morar em Curitiba, p0r motivos que não vem ao caso citar.
Os primeiros tempo em Curitiba foi um período tão confuso, tão conturbado que nem consigo me situar no espaço-tempo. Nem lembro agora se fui um devoto de Krishna antes ou depois que entrei na Igreja do Reverendo Moon ou se foi depois que quase morri de tanta crise espiritual nos Centros de Umbanda que comecei a freqüentar. Mas, como o mote desse relato é a Terezinha, volto a ela. Um dia, um casal de lésbicas amigas me apresentam uma amiga no Bar Bife Sujo: é claro que Terezinha e eu resolvemos recuperar o tempo perdido e marcamos de casar dentro de uns 6 meses.
Uma semana antes do casamento, meu sócio me dá um grande golpe numa fabriqueta de anéis de ametista e topázio que havia montado e me vejo falido de uma hora para outra (este fato não lembrei quando publiquei pela primeira vez este relato na outra comunidade). Coincidentemente à minha falência, na mesma semana que cancelo meu casamento com a Terezinha, recebo seis meses de comissões que tinha por receber do Consórcio Garavelo, onde trabalhava também como vendedor. Pego a grana e embarco para o Rio de Janeiro. Não tenho como formar um paralelo entre o valor da época e com valores de hoje, porém, era uma quantia substancial (sempre fui um bom vendedor) que me possibilitou ficar seis meses morando na Praça Seca, em Jacarepaguá, comendo, bebendo, indo pra praia, trepando adoidado e aprontando tudo o que me desse na telha. Um dia o dinheiro acaba, arrumo um emprego no Consórcio Goodway, que vai a falência três meses depois e não recebo nenhum centavo do que tinha para receber em salários e comissões. Dado ao imediatismo de minha situação, precária, uma amiga me indica para trabalhar como garoto de programa numa casa da Senhor dos Passos, em Ipanema (antigamente tinha essas casas, pois sites de Internet nem se sonhava que seria inventado). Me dou muito bem na profissão, onde me “especializo” em atendimento de casais, à mulheres com gostos sexuais pouco ortodoxos e com especial ênfase à casadas carentes de atenção, pois minha alma de padre parecia um imã para quem precisava e queria mais ser ouvida que fudida. Um dia, minha melhor cliente, uma alta executiva de um grande banco me diz que foi transferida definitivamente para os EUA. “Como prova de amizade e retribuição pelos grandes momentos e emoções que eu havia lhe proporcionado” me dá um Kadett bordô zero, desde que eu abandonasse aquela vida que “não servia para mim”, segundo ela.
Resolvo aceitar, pois estava começando a me sentir meio podre convivendo com tanta gente de gostos sexuais tão questionáveis. Lembro de tempos atrás, quando viajava pelo Rio Grande, e costumava fazer pequenos serviços em bordeis, a troco de um pernoite e um prato de comida, e resolvo gastar todas as minhas economias e dinheiro que tinha comprando roupas em Campo Grande, acho, e voltar para lá. As putas de interior sempre tinham dificuldades de comprar roupas nas lojas, por que sempre eram mal quistas pelas balconistas e lojistas. Então, comecei a vender para elas e ir recebendo por semana, conforme suas disponibilidades de movimento da “clientela”, podendo cobrar o triplo que normalmente custaria numa loja. Estava indo muito bem, quando sou parado pela fiscalização e perco todo meu estoque por falta de nota fiscal. Arrumo um emprego de garçom numa das boates que conhecia e uma semana depois, numa das cidades entre Santo Ângelo, Passo Fundo e Palmeira das Missões, fui me envolver com a puta preferida do delegado da cidade. Delegado esse, por sinal, vejam só, que havia sido o pivô de eu ter que sair da minha terra natal e da Terezinha, conforme contei antes e que havia sido transferido para aquela cidade onde fixei minha base comercial. Resumindo: assinei o recibo de “venda” do Kadett e fui escoltado até a rodoviária para sair da cidade antes que “a coisa ficasse preta pro meu lado”. Bem ao estilo Velho Oeste: a cidade era pequena para nós dois.
De volta para Curitiba.
Faço alguns bicos como vendedor de livros médicos e um dia tenho a idéia de montar uma importadora de revistas técnicas. A importadora dá maravilhosamente certo e em poucos meses estou com uma equipe de 20 vendedores e passo a ser o um dos maiores importadores de revistas técnicas do Brasil.
Resolvo fazer um curso de inglês para agilizar as operações e não ser dependente de tradutores. Na primeira aula, entra a professora e cumprimenta a turma de alunos. Nada me surpreenderia mais que ver a Terezinha transformada em professora de inglês. A comoção é grande e resolvo sair da sala porque ela mal conseguia falar, imagine dar a aula. Espero-a na saída e fomos para o Largo da Ordem conversar. Não sei o que esperava para nós, mas qualquer coisa que esperasse já estava sepultada no passado, pois Terezinha havia se transformado numa mulher amarga, sem espirituosidade, sem brilho. Em que pese o fato que aqueles 5 anos de diferença de idade de quando nos conhecemos agora eram mais visíveis e patentes. Nossa conversa foi quase constrangedora, cheia de silêncios sem entendimento, mas mesmo assim, insistimos e ir para um motel da área central mesmo e fizemos amor, que nem amor foi, mas sim uma transa quase mecânica, sem paixão. Não sei se ela se arrependeu tanto quanto eu, mas quando nos separamos, trocando telefones, estava implícito, pelo menos para mim, que aquele longo capítulo de nossas vidas se encerrava naquela noite.
Menos de um mês depois, o governo provoca uma grande desvalorização da moeda e, de um dia para o outro, minha importadora se torna inviável e novamente, me encontro falido.
Amargurado, deprimido, fujo da cidade e arrumo um emprego
de caseiro num pequeno sitio em Morretes e passo seis meses como peão “bananeiro”, afugentando a depressão com trabalho braçal. Quanto sinto que superei o trauma de falência, com alguns trocados que recebi dos direitos trabalhistas, tenho a idéia de montar um guia turístico-noturno, sendo o primeiro de Curitiba. Uma grande idéia, porém com poucas possibilidades de progresso, pois não tinha nenhum aporte financeiro para fazer deslanchar a publicação, mas fui levando mesmo assim, pois podia beber de graça nos bares-clientes e comia um monte de garçonetes e putas que conhecia nas madrugadas.
Numa certa madrugada, quando visitava um anunciante, o Bar Shelby, paro no balcão e vejo uma mulher sentada, conversando com uma amiga. Fico embevecido, vendo nela uma alegria no sorriso que estava me fazendo falta, uma alegria e paz que eu não tinha há bastante tempo. Vou em sua direção, lamentando e tendo receio que estivesse bêbado demais para me mostrar agradável e suficientemente sedutor para chamar sua atenção.
Como sabia que não teria argumentos, sentei de cara ao seu lado e disse:
- Oi...meu nome é Vanderlei e quero casar com você.
Dava pra ver que ela não sabia se dava uma gargalhada, me olhava com desprezo e me ignorava ou chamava o segurança para me expulsar dali.
Antes que ela decidisse, eu falei:
- Estou falando sério. Amanhã vou largar esse trabalho, vou arrumar um emprego decente e vamos nos casar.
Daí, aleluia!, ela resolveu por dar a gargalhada em vez de chamar o segurança e disse:
- Prazer, meu nome é M. Mas, não posso casar amanhã. Tenho que trabalhar. Só se for depois das 18 hrs.
- Saco, mulher é tudo igual...Já arrumando problemas e não entendendo nem escutando o marido. E eu não disse que vamos casar amanhã. Primeiro eu vou arrumar um emprego decente para poder te dar uma vida legal e sustentar nossos filhos. Daí a gente vê...
- Eu quero uma menina.
- Eu quero um menino. Então vamos ter que ter gêmeos.
- Tá...
Fácil, né?
Não foi bem assim...Conversamos mais um pouco e ela começou a me ignorar por que eu não estava com muitas condições de conversar. Ela me deu o número de telefone errado, mas esqueceu que tinha dito que trabalhava na Lojas Universal, onde fui esperá-la no outro dia. Não pareceu surpresa quando me viu e aceitou ir tomar um chopp no Stuart, na Praça Ozório.
Fui direto, dizendo que tinha me apaixonado por ela a primeira vista, que tinha arrumado um emprego de vendedor do JBM e minha área era o Norte do Paraná, que iria viajar amanhã de madrugada e só voltaria dentro de uns seis meses quando tivesse dinheiro para pensar num futuro.
E assim foi...nestes seis meses, escrevi uma carta para ela todos os dias (naquele tempo não existia e-mail ainda, gente...!!).
Quando voltei, nos encontramos e começamos a namorar, mas eu sabia que ela não estava apaixonada por mim. Apenas me considerava um cara legal, agradável e gentil. Ela acabou mesmo se apaixonando por minha família, pelo ambiente familiar, pela segurança que parecia sentir comigo. Diria até que ela se apaixonou mais pelo amor que eu tinha por ela do que por mim mesmo, se é que isso é possível.
Sei que ela só foi se apaixonar por mim quando fomos morar juntos, por causa do dia a dia, do cotidiano.
Me casei após dois anos de namoro. Quinze anos depois, quis o Destino que minha primeira e única traição conjugal desse no que desse, como vou continuar contando agora. Num fim de semana junto com meus dois melhores amigos da época fomos pescar em Paranaguá. Após a pescaria, como de costume, por volta do meio dia, zarpamos para almoçar na praia de Encantadas, na Ilha do Mel. Tomando cerveja em nosso restaurante preferido, bebemorávamos mais uma pescaria fracassada, já que nunca pescávamos nada naquela região, quando vejo subindo pela trilha que vem da praia a mesma menina que tinha rido de mim quando fui descer do barco e tropecei na corda da âncora que tinha se enrolado por causa das ondas e caí como uma jaca madura quase me cima de sua prancha de surf. Eu apenas a olhei educada e constrangidamente, pedindo desculpas, pois ela estava acompanhada por um garotão alto, musculoso, corpo bronzeado, bonitão pra caramba. Se eu fosse mulher iria querer dar para um cara como ele.
Sério mesmo que a olhei, como direi, academicamente, pois considerava que meu tombo espalhafatoso, minha idade, minha aparência grisalha-despenteada e ouriçada pela maresia e pelo vento, sua beleza e sua juventude a levaria a pensar mais em me ajudar atravessar a rua que me endereçar um olhar fugidio e um meio sorriso quando me notou. Aquele meio sorriso...ah, aquele meio sorriso me enfeitiçou de cara, instantaneamente. Escancarei meu melhor sorriso cheio de dentes e joguei meus braços para trás como querendo dizer:
- Também te quero...Faça alguma coisa...
Se eu fosse um pouco mais babaca que sou teria cantado:
- Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela que passa...
E só não cantei por que minha idade me proporciona certas restrições de comportamento que meu senso de ridículo não comporta... Mas, sei lá...quando ela me olhou, quando a olhei, quando nossos olhos se cruzaram, eu senti que grande parte de minha vida dependia de falar com ela. E nos falarmos dependia dela...Não de mim.
Eram cinco passos daquele olhar trocado para ela passar por mim e tudo acabar naquela pequena distância que ela cruzaria, a dois metros de mim, em menos de um minuto, uns vinte passos. E me virei quando ela passou, para olhar pela última vez possíveis grandes emoções sumindo para sempre de minha vida. Mas, ela parou na frente da entrada do restaurante e vi que insistia com o Apolo adolescente para entrar, o que parecia não ser da vontade dele. Ela entrou, ele também. Certo ele. Tem mais é que fazer sorrindo o que uma mulher como ela pede chorando.
30 mesas no restaurante, meia dúzia ocupadas. Escolhe logo a mesa ao nosso lado.
Que faço agora? Que digo? Como faço? Como digo qualquer coisa? O que fazer como fazer? O que fazer como? Fazer algo? Dizer algo? É óbvio que tenho que fazer-dizer alguma coisa. Pedir fogo? Tão ridículo quanto pedir as horas...
- Ah, tem ostras aqui...eu quero uma porção...
Êpa!....Ahâm...
- Desculpe, mocinha, mas você não vai gostar das ostras daqui...
- Por que, é ruim?
- Não...quero dizer...você não vai gostar por que são diferentes das que você está acostumada.
- Você nem sabe do que estou acostumada...eu adoro ostras – tom juvenilmente agressivo.
Oba, me chamou de você, não de senhor...Ponto pra mim.
- É que você está acostumada com ostras de mar aberto, estas ostras aqui são de mangue...
- Como assim, de mar aberto, de mangue? Como você sabe disso?
Ora...sou viajado e já li alguns livrinhos...sotaque gaúcho...poucas áreas de baías e mangues no RS...Elementar....Acertei...Expliquei para ela que as ostras que se criam em mangues, como é o caso de Paranaguá, são diferentes das ostras de mar aberto, por que são mais nutridas em virtude da maior disponibilidade de plânctom, fictoplantom...comparativamente à um porco muito gordo etc...
- Quer ver?
Chamei o garçom e pedi que trouxesse uma ostra e ela viu que eu estava certo, pois realmente não gostou da ostra e ela pareceu impressionada pela minha cultura e conhecimento de alguns assuntos marítimos, da região, já que estudava Biologia.
Imodéstia às favas, eu fui brilhante, encantador. Meus amigos me olhavam espantados, pois nunca tinham visto me desdobrar visivelmente querendo impressionar e cantar uma mulher. O Marquinhos (era esse o nome daquele Apolo bronzeado) não dizia uma palavra, só me olhava, como que espantado por eu estar no seu campo de visão, por eu sequer estar existindo na sua presença. Como que indignado demais para poder suportar um homem querendo impressionar com tanta cara-de-pau sua possivelmente preferida conquista em potencial, ele diz que quer ir embora. Ato contínuo, chama o garçom e pede a conta. Nos olhamos desamparados, sabendo que tudo poderia acabar ali, pois eu não via como poderia continuar a conversa nem haveria argumento nenhum para convidá-la para um encontro outra hora, na frente do Marquinhos, pois eu não estava preparado para afrontá-lo assim, diretamente. Mas, a Providência é bondosa. O garçom diz para o Marquinhos que para pagar a com o RedeShop é preciso ir até o caixa. Ele levanta e dou graças por ter sido rápido em cochichar para ela:
- Estarei as 8.00hrs naquelas pedras ali. – digo, apontando um arrecife a uns 400 metros do restaurante.
Me congratulo pela minha presença de espírito, pois Marquinhos volta após ter dado meia dúzia de passos, possivelmente se dando conta que poderia não ser bom deixá-la ali comigo, sozinha, no que estava certo, mas só que fui mais rápido que ele. Quase que com grosseria ele a pega pelo braço e ela levanta para segui-lo, mais submissamente do que eu gostaria de ver, simplesmente dizendo um singelo “tchau”. Marquinhos nem isso disse.
Meus amigos tentam me demover de propósito de passar a noite na ilha, lembrando-me de minha mulher em casa, que ficamos de voltar no mesmo dia e que seria pretensão de minha parte achar que uma menina linda de 18 anos iria largar um bonitão como o tal Marquinhos para se encontrar com um quarentão atrapalhado, se bem que com uma conversa interessante, pelo menos sobre ostras e demais crustáceos e moluscos marinhos, que tinha idade para ser o pai dela. Em vão. Eles voltam com o barco. Eu fico.
Vou para uma pousada conhecida, passando antes numa mercearia, onde compro shampoo, barbeador, pasta de dentes, escova e um pacote de preservativo.
19.30 hrs estou nas pedras, fumando que nem um condenado, me amaldiçoando por não ter comprado chicletes, querendo desesperadamente tomar uns goles do Vinho do Avô (não tinha outro!!! que havia trazido, já com a rolha sacada, mas não querendo tomar sem ela junto e não querendo pensar que ela não viria e morrendo de medo do que faria quando ela chegasse, pois um casado fiel por tantos anos talvez não soubesse o que fazer com uma estranha o que sempre fez com a mesma mulher durante tanto tempo. Tentava ensaiar o que dizer, o que fazer e como fazer, criando conversas, atos e posturas....
Quase que ia praticar colocar preservativo, pois me apavorou a possibilidade de me atrapalhar quando fosse colocar, já que fazia mais de 17 anos que não usava. E só não o fiz por que meu pau estava mole e senti mais que escutei ela chegar por trás de mim. Me levantei, sem saber o que dizer além de um:
- Oi...
Que ela nem respondeu e seus braços cruzados me reprimiram, por causa de sua simbologia de auto-defesa, que procurei ignorar, e como não lembrava nada do que tinha ensaiado para dizer, preferi ficar quieto e ficamos olhando uma lua cheia pendurada lá no céu, iluminando a baía.
Quando ela disse:
- Nem sei por que vim aqui...
Eu respondi, numa voz mais rouca que gostaria:
- Está vendo aquelas estrelas lá?
E apontei em direção para as montanhas.
- Você veio por que está escrito numa delas que estaríamos aqui hoje.
Quando disse isso, ela se vira, me olha com um olhar de profunda intensidade, com olhos marejado de lágrimas, passa a mão no meu rosto e diz com um sorriso triste e meigo:
- Que estranho... me parece que você falou como meu pai falaria. Mas, que bobagem, eu nunca tive pai...como vou saber o que ele falaria?
Não soube o que dizer, por que não me pareceu adequado intelectualizar e não gostei de pensar que a atração dela por mim se devia à um Complexo de Elektra ou por uma Síndrome de Transferência mal resolvida, então não me aprofundei na questão e não perguntei nada sobre o pai que ela nunca teve. Providencialmente, vem uma brisa fresca do mar e ela se encolhe com um arrepiozinho, cruza os braços sobre os seios que ainda pude ver os mamilos se enrijecerem, ressaltando-se no tecido da blusinha simples de alcinha que usava.
Abraço-a, mais protetora que sensualmente, beijando-a na testa, e só no momento a percebendo como mulher de fato...e sinto seus seios pequenos, duros, pressionando meu peito, e abraço-a, meu braços rodeando facilmente seu corpo magrinho.
Meus lábios, antes pousados em sua testa, passeiam por sua face, sentindo o geladinho por onde suas lágrimas rolaram e sinto seu rosto quente quando respiro forte, suspiro, perto de sua orelha, que beijo delicadamente e sua boca se ergue em direção à minha e nossos lábios se tocam, se grudam desajeitadamente, nossas línguas se enroscam, disputando entre si a entrada na boca de um e do outro.
Me motiva quando joga seus braços ao redor de meu pescoço e sinto-a afoita, pois praticamente joga seus quadris contra minha cintura, com meu pau já endurecido pressionando sua barriguinha, e ela geme quando o sente colado em si.
Seguro sua nuca, prendendo seus cabelos e nossos dentes se chocam naquela pressão forte e fica difícil ficar ali em pé, ao lado de um vinho abandonado, uma carteira de Free Box pisoteada, um isqueiro paraguaio se perdendo entre as pedras.
- Vamos sair daqui...

Me comovo com o apoio implícito no seu comentário e contorno em mim mesmo a vergonha de estar com uma menina e pelo meu auto-preconceito e entramos na suíte. Ela fica visivelmente constrangida quando vê a cama de casal no meio do quarto.
Vencendo meu próprio constrangimento e superando a insegurança que talvez tivesse me precipitado me trazê-la tão rápido para meu quarto, eu a abraço por trás, beijando seu ombro, o que a faz enclinar a cabeça, quase submissamente, deixando seu pescoço ao alcance de minha boca, minha mão afastando seus cabelos da nuca, que mordisco e ouço-a gemer baixinho. Meu pau pressiona suas costas, logo acima de sua bundinha e me comprazo quando ela leva o braço para trás e me puxa, pedindo um contato maior, num audácia que não deixa de me surpreender.
Enlaço sua cintura, fazendo-a reclinar-se, pressionando firme meu pau, agora na sua bunda, enquanto minha mão entra por baixo de sua blusinha e arranho suavemente suas costas, o que a faz gemer mais alto e sinto que se estremece toda com o roçar de minhas unhas.
Endireito-a, abraçando-a ainda por trás, minhas mãos sobem e descem por sua barriguinha magra então noto que ela tem um delicado piercing no umbigo e ela se retrai quando o toco inadvertidamente ao rumar minhas mãos para seus seios, que agarro e eles somem entre minhas mãos grandes. Seus mamilos pequeninhos se enrijecem ao serem presos pelos meus dedos. Ela joga a cabeça para trás, beijo seu pescoço e digo:
- Linda....você é linda...
Numa voz rouca enquanto beijo sua orelha, mordiscando o lóbulo e me desequilibro quando ela fica toda mole, quase desfalecendo em meus braços. O que me lisonjeia e me sinto eufórico antevendo uma grande transa, mas me sinto vulgar quando penso nisso, então me auto-recrimino, cogitando se eu seria tão bom quanto ela aparentava ser, que seria.
Encaminho-a de costas para a cama, onde caímos, pois ela me agarra pela camiseta, grudando sua boca na minha, que faz um barulho imenso que me parece ecoar pela pousada inteira, mas sua blusinha que subiu durante a queda espanta meu constrangimento. Surgem frente a meus olhos dois seios pequenos que me parecem impúberes ainda, ressaltando-se branquinhos em seu colo bronzeado, pela marca do biquíni.
Me sinto um garanhão poderoso quando acaricio seus seios com as mãos, quando coloco-os na boca, quando chupo seus mamilos minúsculos, pressionando meu pau sobre sua coxa e ela repete:
- Van...Van...Van...
Balançando a cabeça para os lados, segurando meus cabelos e noto que ela está gozando somente com minhas carícias nos seios. De novo me espanto e me envaidece quando coloco minha mão entre suas pernas e acaricio sua buceta por cima do shorts, que sinto molhado e ela enfia a mão dentro de minha bermuda e agarra literalmente meu pau, mais fortemente que eu gostaria, grudando a boca na minha, sua língua me invadindo, puxando meus cabelos, sinto-a estremecer toda, seus gemidos abafando-se dentro de minha boca, num novo orgasmo. E frente a esse furor todo não posso deixar de pensar:
- Putz, tô fudido...
Já antevendo que teria que usar muitos recursos e expedientes tácteis, orais e manuais para dar conta de tanta fogosidade, caso fossemos manter um relacionamento longo.
Tirar seu short, sua calcinha, me livrar da bermuda e da cueca se torna imperioso, urgente demais para não ser agora. Então, jogo no chão e tenha que pega-la de novo para pegar os preservativos do bolso. De joelhos entre suas pernas abertas, frente à um púbis delicadamente depilado em forma de triângulo, acompanhando a marca do biquíni, ensaio a colocação do preservativo. O pau duríssimo apontado para cima, leve porra escorrendo, um arranhãozinho vermelho de suas unhas quando o havia pego antes, se veste fácil na camisinha, ao contrário do que eu temia me atrapalhar, despenca como um quiabo murcho quando ela diz:
- Eu nunca fiz isso antes.
- Você é virgem????
Ela nem responde, contraindo os lábios, frente à minha redundância óbvia.
Me agarra no braço e me arranha quando procuro me soltar, saindo do meio de suas pernas, de perto dela, da cama ela grita:
- Não faça isso, Vanderlei...
Mas, já estou de pé, longe dela, olhando pela janela, pelado, de pinto mole, com o preservativo pateticamente pendurado, sem saber o que fazer nem pensar, a mente vazia, escutando como se estivesse distante sua voz implorante:
- Por favor...por favor...por favor...não faça isso...não faça isso comigo, Vanderlei...
Quando consigo olhá-la, ela soluça forte, chorando copiosamente, sentada na cama, abraçando as pernas, a cabeça entre os joelhos.
Suas costas arqueadas, sacudidas pelos soluços, seu choro, quase gemidos de dor me dilaceram o coração. Sento na cama, abraçando-a e não me envergonho de dizer que quase chorei como uma bicha emotiva quando ela me abraça forte e chora tão doloridamente, tão desamparadamente, balbuciando entre os soluços:
- Eu não tenho culpa...eu não tenho culpa...Não faz isso...não faz isso....
E ainda hoje me emociono quando lembro aquela fragilidade, aquela dor...
Então...o dilema foi grande. Se me sentia um cafajeste se a desvirginasse, me sentiria insensível e desumano deixando-a com aquela frustração.
Deitand0-me sobre, beijo-a seguidamente no rosto, sentindo o gosto salgado de suas lágrimas e lhe dou uma toalha para que assoe o nariz e fico lhe acarinhando, acariciando, beijando até que seus soluços se transforme em gemidos de prazer e foi com surpresa que noto que meu pau está duro novamente.
Tento ajeitar disfarçadamente o preservativo que decaia como uma manga longa de uma camisa num braço muito curto, o que não consigo, é claro, e tenho que parar de acariciá-la. Me coloco entre suas pernas, que ela abre desprendidamente, meu pau se acomodando na entrada de sua buceta e insiste em não entrar, por mais que eu finja que estou apenas brincando de cutucá-la.
Ela parece ansiosa para ser penetrada ou se cansa da suposta brincadeira, então, pega meu pau com a mão e coloca ela mesmo na entrada de sua buceta e sinto o calor rodeando a cabeça. Quando retira a mão, começo a invadi-la lentamente. O pau entra apertado, apertado demais, mas deslizando suavemente por ela estar tão molhada. Quando chega naquela barreira, ela se retrai, com um gemido de dor. Me perco, me reprimo, me desconcerto, sem saber bem o que fazer, pois se ela era virgem sexualmente, eu era virgem em desvirginar.
Pode até parecer ridícula minha tese, mas para mim me parece que desvirginar uma mulher é mais um ato mecânico que um ato de erotismo, mais de compenetração que de sensualidade. Afinal, ela estará sendo forçada, algo estará sendo rompido. É claro que pode haver uma certa sensação de poderio, macho dominante, macho conquistador, mas não era, nem é até hoje, meu caso.
Nova tentativa de introdução, suave e delicada. Nova contração, novo gemido. Não vamos muito longe assim...O pau levemente introduzido na sua buceta, beijo-a na boca.
O beijo se torna ardoroso. Quando a vejo menos tensa e esquecida das tentativas dolorosas de introdução anteriores, arremeto meu pau para dentro, com firmeza e sinto a barreira se romper. Ela se retesa toda, mas seu gemido de dor se abafa em minha boca. Com meus beijos e abraços imobilizando-a, com meu pau quase todo enfiado em sua bucetinha apertada, agora livre daquela barreira incômoda, ela até parece aliviada.
- Doeu só um pouquinho...
Me mente ela com lágrimas nos olhos e um sorriso forçado, mas esforçado nos lábios, que beijo, beijo. Sinto, começo sentir em meu pau leves contrações de sua buceta, deixando claro que ele é bem vindo dentro dela, que não é mais um invasor incômodo, mas sim, um proporcionador de prazer e sensações agradáveis e seu requebrado desajeitadamente inexperiente, mas excitante me comprova isso.
Me apóio nos cotovelos. Pela posição, tamanhos, meu peito fica na altura de sua boca, que ela beija seguidamente, que sinto mais carinhosa que sensualmente. Provavelmente pelas nossas diferenças de prismas em relação à erotismo. Empurro meu pau pra dentro dela, devagarzinho, chegando apertado até o final, nossos púbis encostados. E mantenho fundo nela ou no fundo dela e sinto mais que vejo transparecer em seu rosto uma sensação de prazer dolorido ou dor prazeirosa e aquele
- Ahhhhhh...
Que sai de sua boca, parecendo que sai do fundo de sua alma parece conectar ao meu pau, que sai quase de sua buceta e volta devagar, abrindo de novo caminho até o fundo e aqueles gemidos mais demorados me faz entrar entrar e sair, entrar e sair, ritmicamente, como que cadenciadamente e suas unhas se crava em minhas costas e escuto
- Ai, Van...ai, Van...ai, Van...
E se estremece toda debaixo de mim e aquele
-Aaaaahhhhhh
prolongado denuncia que gozou. E saber que a fiz gozar novamente, com tanta facilidade engrandece meu ego de macho e me excita tanto que sinto que não conseguirei segurar meu gozo. Então, nem perco tempo tentando e meto quase descontroladamente meu pau para dentro dela, enfiando fundo, fundo e mais fundo, metendo tudo o que posso e tenho para enfiar naquela buceta já tão receptiva, apesar da novidade da penetração.
Quase que a empurro para cima quando me arremeto pra dentro dela e sinto meu cérebro como que se esvaziando quando minha porra parece percorrer quilômetros pelo meu pau e começa a encher o preservativo e continuo metedno mesmo quando gozo por que ela me abraça e cruza, entrelaça as pernas na minha cintura e, mesmo desajeitadamente preso, continuo enfiando o pau que não amolece naquele buraquinho que parece que não cansar nunca e como que faz horas que estou gozando. E me espanto com essa sensação, essa impressão, desabo sobre ela, esmagando seus seios em meu peito, meu braço segurando sua cabeça junto mão meu pescoço e ela diz:
- Que loucura...
Então, caio de lado, arfando, coração acelerado e jogo o braço sobre sua barriga e não temos mais nada a dizer, a fazer, além de olhar o teto e esperar a respiração se normalizar. Ela se aconchega em mim e tenho que levantar o braço, me parecendo precisar muito esforço pra isso, para que ela use como travesseiro, encostando o rosto no meu peito ela sussurra em meio a um suspiro:
- Foi tão bom...
Brinco de acariciar seus cabelos e beijar seu rosto, olhos e testa e ela se aconchega toda lânguida em meu abraço, mas se solta bruscamente e fica envergonhada quando sente e nota a úmida mancha de seu sangue no lençol e em suas coxas, saltando da cama entra no banheiro.
Dou graças por ela não ter reparado no meu pau, todo esbranquiçado de seus líquidos e estriado de seu sangue, o preservativo grotescamente se desenrolando, apenas preso ainda na cabeça, pesado de porra, ficando transparente, que tiro e não sei onde colocar e concluo que jogar debaixo da cama é a melhor opção, anotando mentalmente para me lembrar de tirar depois.
Ela demora excessivamente para sair do banheiro. Estranhando, bato na porta, ela abre e vejo que chora, enrolada na toalha. Não entendi porque e me pergunto se as mulheres tem depressão pós-desvirginamento, como tem pós-parto, TPM ou qualquer coisa complicada que costumam ter, então pergunto:
- O que aconteceu?
e ela me abraça em novo acesso de choro
- Nada, nada...sou uma boba...foi tudo tão lindo, tão lindo...
E fico sem entender mais ainda e só então noto que ela tem a mania de frisar o que diz repetindo duas vezes. E não é só no que fala que ela tem mania de repetir, pois começa a me beijar e acariciar, visivelmente com intenções sexuais e eu me surpreendo em sentir meu pau endurecer instantaneamente, subindo, se enroscando e se prendendo entre suas coxas, pois ela ficava na ponta dos pés para melhor me beijar.
Digo que me surpreendo por que fazia muito tempo que não "dava duas seguidas", pois sendo casado, além de prezar mais pela demora em cada relação, o desgaste conjugal provocado por algumas desarmonias que não vem ao caso citar aqui, nunca motivou uma segunda transa seguido. E na verdade, nem acho importante "uma segunda" nos relacionamentos estáveis e prolongados, pois "uma bem dada" com dedicação e interesse pode ser mais compensadora que repetir performance.
Mas, mais uma transa desajeitada e complicada não era bem o que eu queria e nem achava que era o que ela merecia, pois já estava querendo jogá-la contra a parede, apoiá-la contra a pia, debruçá-la sobre o vaso sanitário e já me via segurando-a pela cintura, penetrando sua buceta por trás, sentindo sua bunda se achatar contra minha cintura, vendo meu pau sumir prá dentro dela, forte e dominadoramente.
Por isso, afasto-a de mim, afasto a visão de subjugá-la de pé mesmo, o que até achava que sua compleição física não comportaria e empurro-a para fora do banheiro, mandando:
- Me espere um pouquinho...
e sinto vontade de urinar, mas meu pau está duro demais para conseguir mijar no vaso, então, ligo o chuveiro e mijo no box mesmo, nem me sentindo um porcalhão por fazer isso. Logo eu, que sempre levantei qualquer tampa de vaso, seja onde estivesse, e passava papel higiênico no vaso para limpar eventuais respingos, estava alí, mijando de pé no banheiro, rindo como um adolescente bobalhão e irresponsável, vendo o jato de urina chegar quase à altura de minha testa, de tão duro que meu pau estava.
Volto para o quarto após o banho, que demorou menos que aquela mijada que dei, enrolado na toalha e a encontro desprendidamente deitada na cama, nua, sobre o cobertor que eu havia estendido para poupá-la da visão da mancha de seu sangue, os braços cruzados sobre a cabeça, com um sorrisinho, que não consegui interpretar, na boca brilhante de um batom transparente.
Esse cuidadinho vaidoso de passar batom para ficar mais bonita para mim, na cama me esperando, me deixa encantado e comovido, mas me passa o pensamento raivoso e recalcado que minha mulher nunca fez isso para mim, em minha homenagem, para me agradar. E esse pensamento deve ter se refletido no meu rosto, no meu olhar, como que influencia no meu pau, pois o volume saliente na tolha quase levantada pela firmeza da ereção diminui visivelmente, o que a faz sentar na cama e pergunta ansiosa, cruzando os braços sobre os seios:
- O que foi?
Me recomponho, trago de volta meus pensamentos para aquela ilha, para aquele quarto, meus olhos para aquele corpo e respondo:
- Nada...só me ocorreu como vai ser minha vida sem você a partir da semana que vem...
Ela ensaia dizer algo tipo
- Vai ser como hoje, por que estaremos juntos para sempre...
Mas, eu acho que imaginei que ela disse isso, ou quis dizer, ou queria que ela dissesse ou gostaria que ela tivesse dito, por que me parece agora que é um comentariozinho ensaiado demais, muito prolixo, para ser usado por ela.
Jogo a toalha no chão, me aproximo da cama, beijo seus pés pequenos de unhas rosadas, e vou subindo, beijando-a toda, passando a língua na arte interna, suave e macia na sua rigidez jovem, de suas coxas, leve beijo na sua buceta, no seu púbis, subindo sua barriga, passando a língua, que lhe provoca arrepios e cócegas, que a faz dizer, rindo:
- Ai, pára, pára...
e segura minha cabeça, puxando-me de encontro à sua boca, me beija, segura meu rosto, em suas mão, me beija, me encara fundo e compenetradamente nos olhos, me beija e diz:
- Você é diferente...
e acho que foi um grande elogio, apesar de não ter entendido o que ela quis dizer com isso, então retruco:
- Sou diferente por que te quero muito...
e me espanto por quase ter dito "por que te amo", pois sabia que isso não era verdade, apesar de não saber exatatamente o que sentia por ela.
Minhas pretensões de lhe proporcionar uma inesquecível e excitante sessão de sexo oral, do vulgarzinho, porém bem apropriado termo, "banho de língua", teve que ser descartada, pois quando coloco seu seio na boca e chupo dedicada e intensamente, prendendo seu mamilo nos lábios, passando a língua, ela geme e me puxa pra cima de si, abrindo as pernas, me acolhendo no meio de seu corpo, de suas coxas, meu pau já endurecido, pressionado sobre ela.
Sua fogosidade, seu desejo de ser penetrada quase me frustra e decepciona, pois era grande minha curiosidade e desejo de ver de perto sua buceta e sentir seu gosto e seu cheiro.
Além de que, eu sentia uma necessidade quase patológica e narcisista de lhe proporcionar o máximo de prazer possível e considero a boca, língua e lábios os maiores proporcionadores de sensações de prazer num corpo feminino e sempre fui adepto ferrenho de preliminares. Acho que tem muito a ver com os leves complexos de rejeição e inferioridade que tenho, o que me leva sempre a querer agradar o máximo quem está comigo, como uma forma de compensação. O que nem sempre consigo, é claro, e só quem tem esses complexos sabe o que sofre.
A posição papai-mamãe me parece incômoda por nossa diferença de tamanho, então saio de cima dela, me deito e a puxo sobre mim. Ela me cavalga, encaixando suas pernas em minha cintura, procurando com a mão colocar meu pau pra dentro de sua buceta já molhada, mas a afasto de mim, tendo me controle de evitar penetrá-la sem camisinha, que pego do chão. Ela senta em minhas coxas e observa atenta e curiosamente eu envolver meu pau com aquele plástico protetor de inconvenientes futuros, que fazia mais questão de usar temendo uma gravidez do que qualquer doença, que eu sabia não ter e ela menos ainda. A curiosidade de saber o que se passa em sua cabecinha quando segura meu pau é grande, pois ela o pega pela base, fazendo-o pulsar e latejar em sua mão, seus dedinhos fazendo-o balançar de um lado para o outro, como um brinquedo, um pêndulo. Passando a língua nos lábios, ela se ergue, ajoelhando-se por cima de mim e meio que se perde quando nota que não espaço entre meu pau levantado e sua buceta. Sua aparente confusão me diverte e penso em esperar para ver o que ela fará para resolver o impasse, mas fico com peninha dela e resolvo ajudá-la.
Puxo-a contra meu peito e sinto e ouço sua respiração forte, ofegante, quando acaricio sua bundinha empinada, seus seios bem sobre minha boca, que são sugados e chupados, e posiciono meu pau bem no meio de sua bunda, fazendo subir e descer, pressionando-o para que deslizasse sobre seu rego.
Se abaixa, deitando-me sobre mim, as bocas se encaixando como se fosse inevitável esse encontro, nossas salivas se misturarem, nossas línguas se enroscarem, a dela tímida, a minha mais invasiva, minha boca querendo mais liberdade de movimento sobre seus lábios, a dela mais possessiva, se grudando e colando na minha, pressionada pela sua mão em minha nuca, respiração cruzada, misturada, gemidos sufocados...
Saio debaixo dela, seu peso me liberta, ela me busca com as mãos, me segura, me solto, viro-a de bundinha pra cima, mordo sua nuca sobre os cabelos, geme, afasto-os, geme, beijo, geme, mordo, geme,, afasto suas pernas, minha mão aborca sua bunda, prende, segura, possessiva, aperta, um dedo entra, umidade quente, calor molhado, gemido forte, o pau, invejoso também quer entrar e comanda o resto do corpo. Viro-a de lado. Ergo sua perna, encaminho sua mão para meu pau. Seus dedinhos delicados seguram-no e o encaixa na entrada da sua buceta. Ele entra, invade, dominador, um invasor bem recebido, entrando apertado, abrindo caminho naquele calor, naquela umidade, entra devagar, chega ao fundo, nada mais para entrar, ela geme:
- Aaahhh.....
E aquele Aahhh me motiva a enfiar o pau de novo, e de novo, mas quero sentir, continuar sentindo aquela pressão, a entrada, aquela argolinha de seu útero parecendo rodear a cabeça do pau e sinto como uma eletrecidade saindo de sua bundinha, passando para meus pêlos e a porra se expulsa de mim como uma descarga que me deixa tonta e escuto ela gemer, falar, gritar
-Ai, ai, aaaaaai....
E nem gemer eu consigo de tão forte que foi o orgasmo, tão intenso que foi o prazer explodindo em meu pau, que parece se irradiar pelo corpo todo na forma de arrepios que mais parecem agulhadas, saio de dentro dela, e me jogo para o lado com o coração batendo tão forte que sinto quase explodir e digo:
- Credo....

E arranco o preservativo cheio de porra, jogando no chão, puxando-a para um abraço que nem devemos ter sentido por que quando abro os olhos o dia está claro e vejo seu seu rosto quase colado no meu, apoiada nos cotovelos. Seus olhos castanhos parecendo tão esverdeados que até penso que me enganei anteriormente quanto à cor. Seu hálito de pasta de dentes quando em diz
- Foi tão bom, tão bom...
me faz saber que já havia levantado a algum tempo e me dando vários beijos estalados no rosto, na testa, nas faces, na boca, no peito, dizendo:
- Lindo, lindo, lindo...
E ela me parece um daqueles pardais que escuto gorjeando nas árvores lá fora de tão agitadinha que estava.
- Tá com fome? Eu estou. Vamos comer?
E me puxa pelo braço saindo da cama e me empurra para o banheiro pra baixo do chuveiro e ri escancaradamente quando dou um pulo ao sentir a água fria caindo em mim e bate continência como um soldado raso dizendo
- Sim, senhor...
Quando digo
- Caia fora que eu quero mijar.
E finge que fecha a porta fingindo que me espia mijando e não consigo parar de rir quando ela imita o Burrinho do Schrek:
- Já acabou?
E abre a porte de novo
- E agora, já acabou?
Desisto de mijar, tomo um banho rápido, não acho a toalha, abro a porta, ela se pendura no meu pescoço, imitando uma camareira dedicada, com a toalha dobrada no braço, começa a me secar. Ao ser submetido às carícias de suas mãos na toalha e pela sua posição servilista ao me enxugar, meu pau começa a endurecer, mais pela ingerência psicologia do que por uma questão física, pois me sentia plenamente saciado sexualmente. Mas, dar mais uma trepada em 24 horas do que já havia dado em 15 dias não era bem o que queria, por isso, afastei-a, coloquei a roupa e fomos para o café da manhã.
Chegamos ao salão do café e desta vez me sinto orgulhoso de mim mesmo dos olhares que provocamos, em vez de me sentir reprimido e envergonhado como da vez anterior.
Ela ri provocativamente, sentados à mesa ao ver uma carioca gorda fazer uma cara de nojo quando tiro um farelo de pão do cantinho de seus lábios e coloco na boca e não sei se fico brabo, constrangido ou amedrontado quando ela diz:
- Sabe, querido, eu adoro salsicha, mas não como por que não quero ficar cheia de celulite quando ficar velha...
E me sinto mediocramente realizado ao defender seu ponto de vista:
- Isso, meu amor, se cuida por que senão você vai ficar uma quarentona recalcada e invejosa...
E me sinto feliz estragando o dia de uma babaca preconceituosa, por que a carioca (tenho certeza que ela era carioca...) levanta bruscamente da mesa, deixando sua montanha de salsicha, pão com margarina e bolo nos pratos e sai chacoalhando sua gordura relapsa entre as mesas e vai para fora curtir sua raiva invejosa gratuita.
Após o café, saímos caminhar pela ilha, e ela parecia querer me fotografar com o celular a cada movimento que fazia. Quando a memória encheu, começou a deletar fotos antiga, me mostrando.
- Esse é meu tio, essa é minha tia, essa é minha mãe...não vou deletar essa...adoro essa foto...
Quando vi aquelas pessoas, seus parentes, sua mãe (que nunca havia casado, segundo ela) todos na minha fixa etária, cheguei à conclusão e decidi que nosso caso tinha que terminar, que não poderia prosseguir.
Explico para ela que tenho que ir para casa, por motivos vários, ela chora bastante, mas parece compreender, me leva até a barca para Paranaguá, nos comprometendo a ligar, entrar no Msn, Orkut, eu ir para o RS etc etc.
Eu me apoiava na idéia fixa que eu não passaria de nada mais de um namorico de verão e isso quase aplacava minha consciência se levasse adiante minha idéia que não entraria mais em contato com ela.
Logo que embarquei, quis o Destino, sempre cruel, traiçoeiro, irônico e sábio, que eu deixasse cair meu celular na água, estando nele seu número de telefone, praticamente nosso único ponto de contato.
Chego em Curitiba, em casa, beijos e abraços de meus filhos:
- I daí, pai, pegou algum pexão?
Uma leve demonstração de interesse da esposa, um beijo frio no rosto como costumavam estar nossos beijos nos últimos tempos.
- Estava divertido?
E volta para sua literatura evangélica, sem nem mesmo conseguir demonstrar interesse pelas histórias que eu teria que inventar e decido naquele momento que aquele casamento falido não poderia continuar.
Dois dias depois saio de casa, largo a direção da empresa do qual éramos sócios, vou morar no sitio que tínhamos, realizando um antigo sonho.
Começou meu período de decadência nesta época. A empresa não conseguiu sobreviver sem mim, sendo incorporada por um grupo estrangeiro praticamente de graça.
Tempos terríveis pela frente e para trás desde essa época.
Apesar de tudo, apesar desse tempo todo passado, ainda não me sai da cabeça e penso muito sobre o que aconteceu, o que pode ter acontecido, quando ela voltou para o RS e nunca mais pode falar comigo. E, principalmente, o que a Terezinha pensou ao ver seu passado ressuscitar nas fotos que sua filha mostrou para ela na tela de um celular.
Fim. De um começo. E o começo de um fim.
(Autor: HR)

21 fevereiro, 2007

Se te quero...


Se te quero...
De querer-te como te quero, que culpa eu posso ter! Você não sabe… mas estou sendo sincero! Se te quero… é sem querer!

Falo ou não falo... e se ela achar brega, acho que é meio… jurássico. Nestes anos todos eu nunca ouvi ela falando nada parecido. Merrrrda… como sair da condição de amigo para amante sem ao menos ficar um pouco. Dar aquela namoradinha básica. Não… ela não vai topar. Mas… de hoje não passa! Não pode passar! O que eu faço… se fosse outra, tudo bem… uma cantada simples, um olhar, um sorriso cafajeste com um abraço envolvente resolveria. Mas… é ela. Minha amiga… quase confidente. Confidente não, dai é demais. Como foi que eu perdi o “time”. Deveria ter cantado ela naquele dia da calcinha, ou no apartamento dela quando ela saiu do banho. Noooossa! Que delicia de visão... ela, ali na minha frente só de toalha, 1,69m de mulher. Uma deusa de cabelos negros, me inspirando mil desejos e as mais loucas fantasias. (varias punhetas) Como eu fui burro! Ou será que sou e não sei? Mas ela nunca me deu bandeira. Será? Huuuum! E essa musica de fundo (Deslizes - Fagner) não me ajuda em nada. Será que ela vai demorar? Quase todo mundo já chegou, cadê ela? Festa de aniversário é bom por que a gente conhece quase todos. É… de hoje não pode passar! Musica, bebida, amigos, descontração todos rindo, azarando e eu aqui morrendo de tesão! Blindado, parecendo uma caixa preta de avião com meus pensamentos. Acho que vou pegar um campari. Adoro campari com gelo moído. Eu deveria ter vindo mais tarde. Mas como ficar em casa pensando nela… e esta ansiedade? O que eu faço com ela. Mando sentar ali no banquinho e esperar!
- Oi, Anti. Tudo bem?

Minha respiração disparou, meu coração acelerou engatou uma quinta parecia que ia faltar espaço pra ele, queria sair pela boca, meu corpo tremeu, meu pau reagiu. Nossa, é química pura, transpiração, alucinação todo tipo de “ão”, meu corpo clamava pelo corpo dela, minha pele queria sair de mim e ir ao encontro dela. Conhecia aquela voz até dormindo. Me virei. Calma 1,2,3,….

– Oi Vera!

Cara! Que perfume, que cabelo, que sorriso. Frescor de banho recente com nota de meio de perfume. Começo a salivar, sinto o cheiro o gosto da bucetinha dela na minha boca sem ao menos nunca ter chegado perto. Que sensação! Que tesão! O desejo está me deixando cego!

- Que bom que você chegou! Já vai rolar o parabéns pra Monica.
- É, eu me atrasei um pouco. Ela não ia me perdoar se eu não viesse!
- Só ela? rsrs

Conversava mas não ouvia, estava raciocinando com a cabeça de baixo, latejando.

- Que dor de cabeça horrível.

Falei, sem querer, mas falei. Saiu, foi um pensamento solto no ar.

- Acho que eu tenho uma aspirina na minha bolsa.
- Creio que uma aspirina não vai resolver o meu problema. Já faz uns três anos que eu tenho essa dor de cabeça. No começo era simples. Mais depois foi ficando insuportável.

Ainda bem que estou usando uma camisa por fora da calça, assim da para disfarçar. E a minha agitação? Será que ela esta notando minha respiração? Estou nervoso transpirando. Será que estou dando bandeira?

- Eu também tenho dor de cabeça de vez em quando. Isso é normal rsrs.
- É, mais não é muito. rsrsrs

Respondi correspondendo aquele sorriso lindo, maravilhoso saindo daquela boca sensual. Gostosa com aqueles dentes brancos perfeitos contrastando com o brilho verde dos seus olhos. Que delicia de mulher.

- Acho que vou pegar uma bebida e conversar com a galera, dar os parabéns pra Monica. Afinal de contas desde que cheguei estou aqui com você.
- Legal. Também vou. Meu campari esquentou.
- Depois a gente conversa com calma.
Quando ela disse (depois a gente conversa com calma). Senti na sua voz um tom malicioso, sensual, sem vergonha pra falar bem a verdade. Era tudo o que eu queria. Uma deixa por mais sutil que fosse era um sinal. Eu fiquei como um cachorro que corre atras do carro e quando o carro para não sabe o que fazer. Minha mente desconectou, entrei em parafuso, perdi o teco e o tico sentou no barranco pensando que o mundo ia acabar. Cara que sensação. Aos poucos fui entrando no ar novamente, aterrizei 1,2,3,… comecei a ver e ouvir as pessoas em minha volta novamente. Levantei os olhos e vi a Vera. Alguns amigos vieram conversar comigo, mas eu só resmungava estava desconectado dos mortais minha conecção era direta com a Vera, meus olhos a seguiam sem querer para onde eu olhasse eu a via na lua nas estrelas (tradicional heim) nos rostos eu procurava seu sorriso seus traços como ela estava linda com aquele vestido estampado com flores solto sobre o corpo só de calcinha e sandália alta realçando aquela bunda redondinha maravilhosa. Ela não andava flutuava. Senti que todos os olhares eram para ela as mulheres com inveja e os homens babando. – Ela me olhou, senti que ela queria se certificar que eu estava ali cuidando dela.
A musica parou, chamaram todos para cantar os parabéns e ela veio para perto de mim. Nem acreditei, quando vi ela estava na minha frente, de costas para mim sem falar nada olhando para frente onde estava a mesa com o bolo de 26 anos da Monica cheia de guloseimas, como se eu fosse seu guarda costas. E começaram os discursos e as frescuras natural de um aniversário e nesse meio tempo eu ali com a mulher dos meus sonhos na minha frente a meio passo do meu pau duro latejando molhando a calça (não uso cuecas). Seu cabelo na altura do meu nariz exalando um perfume inebriante. - Vou ou não vou. Minha consciência começa a delirar e dar ordens desconexas. - É só meio passo olha a bundinha dela esta na altura do teu pau vai lá carimba encosta de repente ela quer isso. Quem te garante que ela não quer sentir teu corpo seus braços envolvendo ela. Olha só a bundinha dela arrebitada olhando pra você idiota dizendo vem vem Anti . Largue mão de ser frouxo veja o detalhe das costas ela esta arrepiada ela esta sentindo tuas vibrações. Percebeu quantas vezes ela passou a mão no cabelo depois que ela chegou aqui.
- E num movimento único sem palavras sem olhares puro magnetismo eu fui e ela veio nossos corpos se encaixaram com cumplicidade como se fossem feitos um para o outro sob medida ela sentiu meu estado de excitação e deu uma reboladinha colou suas costas no meu peito pegou meus braços e se envolveu com eles . Pude sentir pela primeira vez o calor do seu corpo que pelo jeito estava ansioso pelo meu. Ela deu um beijinho carinhoso no meu antebraço e eu retribui com um beijo na sua nuca perto da orelha ela se arrepiou toda se esgueirou e se virou sem ao menos me olhar e ofereceu aqueles lábios macios e sedutores para beija-los. O mundo parou eu era o senhor do tempo. Com sofreguidão eu a beijava e degustava aqueles lábios que tanto desejei nossas línguas ávidas de desejo percorreram nossas bocas. Nossos corpos se fundiram num misto de carinho, paixão, tesão minha mão na sua nuca desmanchava aqueles cabelos sedutores e lá muito lá distante escutava o pessoal cantando (parabéns pra você nesta data querida) envolvendo aquele momento mágico.
Nossos amigos como não podia deixar de ser ovacionaram nosso beijo que mais parecia uma transa mas enfim aconteceu foi sem querer ficamos com vergonha mas com muito mais tesão ainda. Nem minha camisa me ajudava mais. Todos perceberam meu estado.
Fomos até a Monica e pedimos desculpas.

- Eu fiquei com inveja de vocês. Quero ser a madrinha deste relacionamento.
- Vou pensar com carinho no teu pedido. Preciso conversar com o Anti antes de mais nada.
Senti uma magia sedutora no ar e me pus a pensar. – Duas! Por que não. Uma loura e outra morena clara. Duas gatas me comendo. Dois cuzinhos duas bucetas. Meu caralho. Vai ser divertido. Será que a Vera é bi?
- Fala alguma coisa Anti.
- Ah! Desculpe – me Vera estava distraído. Por que não?
- Por que não, o que? Do que você está falando?
- Da proposta da Monica. Não é disto que estamos conversando?
Respondi com um sorriso maroto e malicioso olhando no olho da Monica que com certeza entendeu o recado. Vera que estava olhando para Monica percebeu o olhar de cumplicidade dela e de imediato me beijou com consentimento.
- Bem. Vocês fiquem a vontade que eu vou cuidar da minha festa.
E assim ela se despediu de nós e saiu caminhando dando uma reboladinha básica. O suficiente para prender nossa atenção até se perder entre os amigos.

- E agora meu amigo vamos ter aquela conversinha com calma que eu te prometi quando cheguei.

Antes dela terminar de falar eu já tinha processado e compilado a situação a ficha já tinha caído. Já sabia o que fazer com o carro parado. Nervos no lugar. Pênalti aos 45 do segundo tempo. Deixa com o beque. – Encostei ela na parede olho no olho e fui. Meu melhor beijo, um abraço apertado seguido de uma passada de mão, da nuca até em baixo com uma certa pressão parando no final da espinha para deixar com sensação de quero mais. Nada de passar a mão na bunda ou apertar os seios. Pensei que ela ia subir pela parede.
- Converso com você depois que dançar-mos esta música.

Já era quase meia noite e a Monica resolveu juntar os casais que iam se formando e colocou uma seleção lenta. Veio a calhar do jeito que eu gosto ( Simone – Cuida bem de mim) ali mesmo onde estava-mos eu aconcheguei a Vera no meu peito e ficamos curtindo nossa primeira música.

- Se quiser podemos ir embora só preciso guardar o carro na garagem da Monica que amanhã eu venho buscar.
- Só o carro rsrsrs?
- É! Por enquanto. hehehe
- Tudo bem te espero no carro.

Quando voltei Vera já estava sentada no banco do carona relaxada. Seu vestido deixava amostra suas coxas depiladas e perfeitas. E eu tinha me enganado quando disse que ela estava linda e maravilhosa com aquele vestido estampado de calcinha e sandália alta. Vera não estava usando calcinha. Não resisti. Parti pra cima dela e dei um beijo levando a mão por entre suas coxas e percebi o quanto ela estava excitada. Sua buceta estava encharcada. Ela tremeu quando eu a toquei com carinho e firmeza. O decote generoso do vestido me permitiu mordiscar seus mamilos arrancando sussurros de prazer. Acho até que deu uma de leve pra relaxar pois soltou um suspiro angelical. Olhou pra mim e disse.

- No meu ou no teu.
- Prefiro no meu, quero ficar com o teu cheiro impregnado nos meus lençóis.
Liguei o carro e senti a sua mão no meu pau que a essa altura…hehe coitado. Mas ficou feliz, Vera foi brincando com ele até em casa ou melhor até quase chegar em casa pois não resistiu e gozou na boca dela. Ela me surpreendeu não deixando cair nenhuma gotinha de porra na calça. Depois de limpa-lo ela ainda continuou a brincar e se deliciou quando um ônibus encostou do lado do carro no sinaleiro. Ela chupava e mostrava meu pau. E o povo assobiava e gritava. Aiiiiii puuuuuta, rampeira e outros adjetivos sublimes. Depois que o sinaleiro abriu ainda percorri por mais alguns metros ao seu lado para fazer a felicidade de Vera que estava alucinada. Ultrapassei o onibus e ela se acomodou no banco me oferecendo sua xaninha para eu bulinar. Coisa que eu fui fazendo até o final do trajeto arrancando suspiros e gemidos.

Chegamos em casa depois de intermináveis 35 minutos de percurso. O porteiro me olhou, pediu a senha, viu que eu e a Vera estávamos despenteados, sorriu e com uma cara de safado abriu a garagem. Finalmente entro no elevador, aperto o 7 e vamos se despindo, que loucura. Cadê a chave, pelados no corredor e a chave no bolso da calça virada do avesso. Hehe mundão rsrs. Entramos! Ufa! Antes de mais nada peguei a Vera e com as duas mãos no rosto dela, olho no olho. Falei.

- De querer-te como te quero, que culpa eu posso ter! Você não sabe… mas estou sendo sincero! Se te quero… é sem querer!

Sem falar nada, numa reação fantástica, inesperada ela se encostou na parede levantou a perna direita e ajeitou meu pau na sua buceta e transamos ali mesmo em pé se acabando num gooooooozo sem descrição. Caímos exaustos, olhamos um para o outro e começamos a sorrir. Até que ela falou.

- Tesão reprimido de tres anos da nisso.
- Hehe… Minha dor de cabeça sumiu.
- Safado, sem vergonha rsrs.
Nossos corpos se entrelaçaram novamente num misto de tesão e felicidade por terem se encontrado. Peguei-a no colo e levei até a suite. Tomamos um banho relaxante, uma generosa dose de campari com muito gelo picado, chupando uma pastilha de halls, som na caixa e caímos na gandaia. De cara ela pegou meu pau e começou a me sacanear. Ainda com a pastilha de halls na boca começou a pagar um boquete, que parava e ia descendo com a língua pelo meu saco no limite do cuzinho e voltava e ia e voltava e ia. Tive que tomar uma atitude. Posicionei ela por cima para um 69 e comecei a brincadeira. Não demorou muito e ela pediu para cavalgar. Queria sentir minha pica dentro dela entrando dilacerando aquela bucetinha e finalmente sermos um só. Cara! Que amazona! Que técnica! Que mulher! Quando anunciei que ia gozar ela acelerou e veio junto. Colocou seus seios junto ao meu peito, me abraçou, suspirou, serrou os dentes, e junto comigo, agoooooora…,vaaaaaaaaaaaai…….. e soltamos um grito de gozo que saiu janela afora e se perdeu no sereno da madrugada Curitibana. Dormimos abraçados. Quando acordamos, lembrei que tinha que ir buscar o carro na casa da Monica, hehehe. Os meus lençois eu mandei lavar já que a Vera se mudou aqui para casa.

- Amor! O que vc está fazendo?
- Contando a nossa história pra galera Vera. hehe

(Autor: Anti)